São Paulo (AUN - USP) - Para realizar a conservação das espécies é necessário ter visão, já que contamos com poucos recursos tanto financeiros quanto físicos. Essa é uma das conclusões do estudo da veterinária Cristina Adania, apresentado durante o I Simpósio de Reprodução Animal que aconteceu recentemente, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).
Cristina é doutoranda pelo Departamento de Reprodução Animal da FMVZ e também coordenadora de fauna da Associação Mata Ciliar, onde desenvolve seu trabalho no Centro Brasileiro para a Conservação dos Felinos Neotropicais, localizado em um dos poucos pontos remanescentes de Mata Atlântica na região de Jundiaí.
Das 37 espécies de felinos existentes, oito ocorrem no Brasil: a onça pintada, suçuarana, gato mourisco, jaguatirica, gato do mato pequeno e grande, gato palheiro e maracajá; isso demonstra a importância e responsabilidade que o país deve exercer na manutenção dos felinos selvagens. Segundo a veterinária, o principal problema enfrentado é que eles são animais muito territorialistas, em determinadas espécies o macho necessita de até 30 km² de floresta para viver. "A quantidade de áreas preservadas de que dispomos hoje não chega nem perto de suprir essas necessidades, sendo o cativeiro fundamental para evitar a extinção", completa.
Porém, Cristina ainda aponta que somente a utilização do cativeiro não é suficiente para manter o fluxo de material gênico necessário para cada espécie, pois muitos são os problemas enfrentados. Em primeiro lugar, é muito caro manter uma quantidade grande de animais nessas condições; há também o fato que a maioria tem mais de 10 anos, o que os torna pouco propensos à reprodução.
Nesse sentido, em 2008, foi implantado um projeto para as jaguatiricas existentes no Centro de Felinos, que pretende solucionar alguns desses problemas. A técnica consiste na manutenção de um banco de embriões conservados em nitrogênio e posterior transferência para fêmeas diferentes. Oito fêmeas até agora passaram pelo procedimento e, destas, três conseguiram dar à luz filhotes saudáveis. A técnica é pioneira no Brasil e América Latina e segunda do tipo no mundo. Segundo a pesquisadora, pode apresentar uma solução viável a ser aplicada também para outras espécies, já que diminui absurdamente custos e é mais eficiente.