ISSN 2359-5191

09/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 107 - Educação - Instituto de Ciências Biomédicas
Tese investiga funcionamento do cérebro no trânsito

São Paulo (AUN - USP) - O termo “atenção temporal” costuma gerar confusão em quem não tem o conhecimento técnico do termo. Esse tipo de atenção não se refere à noção do indivíduo sobre índices meteorológicos. Sua tradução é mais simples: trata-se da atenção no tempo como período, em que se estuda a maneira e a intensidade com que a atenção se manifesta no cérebro, de acordo com diferentes intervalos de tempo. Viviane Bueno, doutoranda do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, testa os resultados da atenção temporal nas relações do motorista e do pedestre com o trânsito.

Viviane realiza pesquisas na área e toma como ponto de partida as relações no trânsito e a atenção no tempo que o ato de dirigir exige do cérebro. A partir desses resultados, Viviane pretende investigar o quanto as sinalizações de trânsito são adequadas para o tempo de reação, tanto do motorista, como do pedestre.

O chamado tempo de reação é o intervalo de tempo que se situa entre o momento em que o cérebro recebe a informação – o tempo de ação - e o instante em que age baseado nela – o tempo de reação. Em muitas situações, esse intervalo pode diminuir com o condicionamento do cérebro, que surge com a própria rotina. É o ambiente que dá pistas para essa adaptação.

Viviane explica essa situação nas relações do trânsito. O motorista, segundo Viviane, tem ativada sua atenção temporal durante todo seu trajeto, porque ele precisa planejar seu roteiro, ainda que muitas vezes nem tenha consciência desse planejamento. Se ele decidisse fazer uma curva, passar de faixa ou parar em cima da hora, por exemplo, não existiria seta e os acidentes tenderiam a aumentar.

Outro exemplo é uma ocasião bem recorrente no dia a dia do motorista. Quando parado no semáforo, o condutor normalmente se orienta através dos carros da rua transversal para engatar o veículo e sair. Quando esses carros param, no que corresponde ao tempo de ação, um sinal é enviado ao cérebro do motorista de que seu semáforo ficará verde logo em breve. O momento em que ele engata o carro é o tempo de reação

Esse mesmo pressuposto pode ser usado para entender a orientação dos pedestres. Ao atravessar a rua, ele espera o semáforo dos carros ficar vermelho para que eles ativem seu tempo de reação e possam atravessar a rua.

Mas, como já é bem sabido e dito que o tempo é relativo, o tempo de reação também o é. E ele não é só determinado pelo condicionamento do cérebro e pelas pistas do ambiente. O intervalo entre tempo de ação e tempo de reação também é determinado por alguns fatores, como, por exemplo, a idade. Viviane traz a teoria, através de experimentos com jovens entre 18 e 30 anos, de que o tempo de reação imposto no trânsito muitas vezes é mais curto do que o ideal.

Viviane explica que para os idosos atravessarem a rua, por exemplo, é necessário que os carros fiquem mais tempo parados, justamente porque eles demoram mais para captar os sinais que o ambiente indica, ou seja, porque seu tempo de reação é maior. Recentes estudos comprovam que, até para indivíduos de faixa etária que Viviane estuda, esse tempo costuma ser menor que o ideal em algumas cidades de trânsito intenso.

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