São Paulo (AUN - USP) - Em 2009, foram 80 milhões de novos casos e 3,5 milhões de pessoas morreram em conseqüência do HIV. Um dado que chama atenção é o crescimento no número de mulheres infectadas: dos 13 aos 19 anos, de cada oito homens infectados há dez mulheres na mesma situação. O quadro da AIDS no mundo, apesar de melhor, ainda é muito preocupante. Populações do continente africano e asiático ainda estão muito expostas à infecção. Este prognóstico foi relatado pelo professor Paul-Hoffmann do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Nice Sophia Antipolis, na França, no seminário realizado recentemente na Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP).
Com a utilização de novos medicamentos anti-retrovirais no combate ao HIV, novas lesões estão aparecendo nos pacientes. Apesar de certos problemas como a toxoplasmose e protozoários no tubo digestivo não fazerem mais parte do protocolo de portadores do vírus, o linfoma maligno extra-cerebral, por exemplo, teve um aumento muito grande nesses pacientes. A causa dessa mudança pode ser a associação dos tratamentos. Na década de 80 existia apenas um tipo de medicamento, essa realidade mudou e hoje já se faz uma mistura de várias drogas, o coquetel, principalmente para evitar a replicação do HIV, ou seja, para diminuir a sua virulência.
Hoffmann apresentou seus estudos no que tange ao IRIS (Immune Reconstitution Inflammatory Syndrome) sigla em inglês para a Síndrome da Reconstituição Imune. Observou-se que quando os pacientes eram submetidos ao tratamento com os anti-retrovirais, o chamado HAART (Highly Active Anti-Retroviral Therapy), poderia acontecer duas situações: ou havia uma baixa considerável das células responsáveis pela nossa proteção, os linfócitos T, mais especificamente os CD4, ou havia uma explosão delas.
Em ambos os casos diagnosticou-se uma anomalia no funcionamento do corpo. Alguns pacientes ficavam perigosamente imunodeprimidos chegando a desenvolver patologias bacterianas, micoses e parasitoses. Outros ficavam suscetíveis a quaisquer medicamentos. Em casos mais graves já foram catalogadas a pneumocistose, que pode causar o óbito do paciente em poucos dias.
As pesquisas foram importantes para que hoje, antes de se iniciar o tratamento com o HAART, realize-se um exame no qual há a contagem das células CD4 e, portanto, qual a dosagem adequada do anti-retroviral deverá ser usada para que os problemas apontados não se predisponham.