ISSN 2359-5191

12/02/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 110 - Saúde - Instituto de Matemática e Estatística
Sistema criado por equipe do IME auxilia médicos a tratar malária
ClinMalDB inclui dados de pacientes e permite análise de padrões da doença

São Paulo (AUN - USP) - Um sistema desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Matemática e Estatística (IME- USP) possibilita aos médicos analisar dados sobre pacientes com malária, a fim de encontrar padrões da doença que auxiliem no tratamento. O projeto, chamado de ClinMalDB (Malaria Database Engine) traz um complexo algorismo que possibilita a profissionais da área de saúde diversas formas de visualização dos dados acerca da doença e dos pacientes. Originado de um projeto financiado pela Fapesp em 2002, o sistema ficou pronto em 2006, quando passou a ser usado.

"O principal objetivo desse sistema é, primeiro, viabilizar a coleta de dados dos pacientes que obtiveram malária para que se entenda ou, pelo menos, se consiga entender um pouquinho dos vários tipos de variáveis que fazem parte desse diagnóstico", diz João Eduardo Ferreira, coordenador da área de banco de dados do projeto. "No sistema, há várias dimensões. Há informações sobre transfusão, sobre chagas, sobre alcoolismo, sobre idade. São vários dados clínicos, que junto com dados moleculares vão confirmar, ou não, alguns indícios sobre o comportamento do paciente da malária".

Para incluir todos esses dados dos pacientes e da doença, o sistema se baseia em exames detalhados feitos com os pacientes. "O ClinMalDB coleta dados clínicos de pacientes, exames, e fazem sequência de DNA para um exame genotípico ou genética molecular. Esse sistema guarda dados de pacientes, exames, amostras, sequências e usuários", conta Ferreira.

O funcionamento do sistema usa uma estrutura de banco de dados chamada de Data Warehouse. Essa arquitetura computacional permite aos usuários do sistema visualizem os dados das mais diversas formas. "Eu tenho um sistema que coleta dados de pacientes que obtiveram malária, faz um acompanhamento desses dados ao longo do tempo, e esses dados são armazenados primeiramente em um sistema que a gente chama transacional. Depois, eles são enviados para um sistema multidirecional que a gente chama de Data Warehouse para fazer vários tipos de análise", explica o professor e pesquisador do IME.

Esse tipo de sistema não é novo, segundo conta Ferreira. Diversos grupos de pesquisa no Brasil trabalham com estruturas desse tipo para diversas aplicações. "O que tem de novo aqui é a integração com dados moleculares de dados que a gente chama de dados clínicos para fazer acompanhamento e análise de padrão das pessoas que tiveram malária ou do procedimento que se faz com malária", ressalta.

No lado técnico, os pesquisadores procuraram criar formas diferentes de se obter e visualizar as informações colocadas no sistema. "A novidade do ponto de vista da computação é que normalmente as pessoas que usam os sistemas de computação são muito presas às formas de fazer análises e às formas de fazer relatórios. Então, uma das coisas interessantes desse sistema, o ClinMalDB, é que ele é bem dinâmico do ponto de vista de viabilizar várias formas de análise de dados para as pessoas que trabalham com malária", diz o professor.

Para desenvolver esse sistema, a maior dificuldade encontrada pelo grupo de pesquisa do IME foi a velocidade de mudanças e consequente adaptação para atender às necessidades da área médica. "Os sistemas de computação da área médica tem uma característica de que não só os atributos, mas os procedimentos podem mudar de forma muito dinâmica. Qualquer tipo de solução que seja muito fechada ou muito restritiva, não funciona", conta.

"Toda solução de interface, de visualização de dados tem que levar em consideração esse aspecto dinâmico da área médica. O que eu considero dinâmico? Há várias formas de você ver os dados, de trabalhar, validar e fazer diagnósticos sobre aqueles dados. Do ponto de vista de dificuldade, a maior foi a modelagem dos dados para esse domínio, que é muito dinâmico. Do ponto de vista de técnica, a gente não teve dificuldades porque na verdade a gente já domina as técnicas para vários sistemas de informação da área médica", informa Ferreira.

O Malaria Database Engine foi criado para uso em um projeto temático da Fapesp, mas pode ser usado por outras instituições de forma gratuita. O programa está disponível para download no site do projeto (http://clinmaldb.usp.br/) e seu uso é gratuito. O sistema foi construído em software livre, que é o conceito do projeto, segundo conta Ferreira. "A ideia é que as pessoas usem", diz. O professor contou que dois centros importantes nos Estados Unidos e na África entraram em contato, interessados no ClinMalDB e fizeram o download do programa.

Como o combate à malária ganhou importância no Brasil, outros grupos também começaram a usar, mas não há como saber como está o uso do sistema, já que são grupos de trabalho separados. O Ministério da Saúde também mostrou interesse, segundo contou Ferreira, mas ainda não foi conversado com os pesquisadores como seria feito o uso desse sistema.

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