São Paulo (AUN - USP) - Até o final deste ano entrará em operação o Large Hadron Collider (LHC) da Organização Européia para Pesquisa Nuclear (CERN). Trata-se do maior acelerador de partículas já construído.
Existem muitos argumentos teóricos de que o LHC abrirá uma nova fase de descobertas que vai revolucionar a Física de Partículas: a coerência do modelo da Física de Partículas requer a existência de novas partículas e forças, mudando a nossa visão do mundo. Entre as possíveis descobertas que o LHC poderá fazer estão novas forças e dimensões espaciais.
Oscar Éboli, professor do Departamento de Física Matemática da USP, compara: “Física de partículas, exagerando, é mecânica de carros. Ao invés de ter uma chave de fendas, eu jogo um carro contra o outro e fico observando o que ocorre”.
Estamos cercados de aceleradores por todos os lados, diminuindo com o tempo. Antigamente a televisão, com seus antigos tubos de imagem, era um tipo de acelerador. Nesse tipo de máquina, é suficiente aplicar uma diferença de potencial para dar energia às partículas. O LHC está no ponto máximo da tecnologia. Por outro lado, “nada mais é do que um grande e sofisticado tubo de televisão”, simplifica Éboli.
Essa máquina, quando em funcionamento, potencializa milhões de colisões por segundo, chegando a um número 14 trilhões de vezes maior do que o valor das energias das transformações atômicas.
A relação partícula, massa e respectivo momento, é regida por uma fórmula que gera dois resultados, um positivo e outro negativo. Hoje, sabe-se que os negativos dão origem as antipartículas.
Toda essa explosão vai criar uma condição peculiar em relação às partículas e suas respectivas antipartículas, que estiverem no estado mais baixo de energia e não puderem perder energia à medida que ganham velocidade. O LHC vai estudar uma quebra de simetria.
Essa simetria dá aberturas teóricas para o descobrimento de novas forças e até de novas pequenas dimensões. Éboli avalia que no caso de novas dimensões, “ele vai mudar a filosofia. Os filósofos vão se divertir por séculos, mudando o que está acontecendo por aí”. Mas o que possivelmente vai acontecer é algo que não esperamos. Prediz Éboli, “com certeza o LHC vai descobrir alguma coisa. A física não vai ser a mesma pós-LHC”.