São Paulo (AUN - USP) - Voltado para a prevenção e a reabilitação cardiovascular, o Programa de Condicionamento Físico do Instituto do Coração na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP ainda é pouco conhecido, tanto por alunos quanto pela comunidade em geral. “Buscamos melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas”, é assim que o professor Carlos Negrão define o objetivo da parceria.
“O diferencial desse programa é que ele não cuida apenas da parte de exercício, mas também da nutrição e da capacidade da pessoa em lidar com stress. E tudo com um acompanhamento médico”, afirma Negrão, que também é o diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício no Incor. O Programa surgiu em 1988 e conta com uma equipe multiprofissional especializada composta por médicos cardiologistas, professores de educação física, nutricionistas e psicólogos.
O exercício físico regular, praticado com acompanhamento, é uma forma eficiente para a prevenção e o controle de doenças cardiovasculares. Trata-se de prevenir fatores de risco como obesidade, hipertensão, diabetes e sedentarismo. Além disso, o programa também é importante para quem já teve algum problema cardíaco e busca evitar nova ocorrência, caracterizando a prevenção secundária ou reabilitação. No entanto, ambas visam ao mesmo objetivo: melhorar a qualidade de vida das pessoas atendidas.
“Tudo que se faz no programa vem da pesquisa, desde a parte animal até o paciente. Os resultados alcançados com esses estudos são transferidos e usados como aplicação para o grupo que é atendido”, explica Negrão. Trata-se da chamada medicina translacional, que passa da parte pré-clínica – estudada em animais –, clínica e depois para a aplicação na comunidade. Por fim, o programa serve como uma vitrine das pesquisas que são feitas em animais e que têm efeito positivo no homem.
Essas pesquisas são facilitadas à medida que a qualidade técnica da EEFE é aperfeiçoada. Hoje a escola dispõe de um laboratório de avaliação cardiopulmonar igual ao utilizado no Incor. “Educação física não é feita apenas para formar o técnico de algum time. Além disso, existe a parte científica, que é muito forte, principalmente na USP”, conclui Negrão.
O paciente tem autonomia para iniciar e para encerrar seu atendimento quando se sentir melhor. Existe também a possibilidade de se fazer um programa de alguns meses, receber alta e depois fazer por conta própria, com retornos a cada três ou seis meses para a reformulação do programa de exercício.
Atualmente, apenas na área de exercício, o programa faz cerca de 900 atendimentos por semana. A responsabilidade é do Incor e o programa é voltado para a população em geral. O número de atendidos está em torno de 300 pessoas e aproximadamente metade é da USP.