São Paulo (AUN - USP) - Em março deste ano foi oficializado o grupo de Estudos de Softwares Livres da Escola Politécnica da USP (PoliGNU), composto somente por estudantes que se empenham em pesquisar e levantar debates em torno do assunto, propondo a disseminação do software livre. Apesar de o grupo ser aberto a qualquer um que tenha interesse no tema, a equipe é formada basicamente por alunos da Escola Politécnica, que já se reuniam há alguns anos informalmente. Entre os seus projetos está o CADLivre, em termos de pesquisa, além das oficinas que visam promover e ensinar como usar os softwares livres.
Eles são programas de computador que podem ser utilizados, copiados, adaptados e redistribuídos. Segundo as definições da Free Software Foundation, são aqueles que respeitam quatro liberdades: “Liberdade para executar o programa, para qualquer propósito; A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades; A liberdade de redistribuir, inclusive vender, cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo; A liberdade de modificar o programa, e liberar estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie”.
Esse movimento surgiu na década de 80, em resposta aos impedimentos que as empresas fabricantes de softwares, que antes circulavam os produtos de maneira similar aos princípios do software livre, começaram a impor regras sobre os usuários. “Nós defendemos a liberdade, esse é um movimento político, social e ético. Queremos a liberdade de usar o software, de adaptá-lo às nossas necessidades. Principalmente aqui, na universidade, isso é muito importante, já que realizamos pesquisas, temos que realizar operações que ainda não foram previstas e não podemos ficar dependendo das grandes empresas”, diz Felipe Sanches, integrante do grupo.
Um dos principais projetos em pesquisa do PoliGNU é o CADLivre, que pretende, à grosso modo, arrumar um meio de decodificar trabalhos realizados no software proprietário AutoCAD, para que estes possam ser lidos em softwares livres. O AutoCAD é um programa que auxilia o desenho técnico, amplamente utilizado nas áreas de engenharia, arquitetura e design. Membro do grupo, Rodrigo Rodrigues explica: “Essa é uma importante etapa para a adoção de softwares livres: se um usuário não pode transferir todo o seu trabalho realizado no software proprietário, ele nunca utilizará o livre”. Segundo Rodrigues, há um grande esforço das empresas, imposições de barreiras, para que essa decodificação não seja feita.
Além disso, o grupo ainda oferece uma série de oficinas para ensinar o manuseio do software livre. Um exemplo é a oficina de Latex, um programa que auxilia na formatação de textos com finalidade acadêmica, que teve grande repercussão na sua primeira edição. Recentemente, foi realizada a Install Fest, um evento que convidou os participantes a conhecer os softwares livre e ofereceu ajuda para instalação destes.
Segundo Felipe Sanches, os softwares livres ainda não são amplamente utilizados por motivos pontuais: a falta de divulgação, vício dos usuários e a pressão dos fabricantes. “Eles vêm até a Poli distribuir gratuitamente os seus softwares. Depois, as pessoas ficam acostumadas a utilizá-los, só que quando começam a trabalhar em empresas, elas têm que comprar o produto”, diz.