São Paulo (AUN - USP) - O Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA) exibe, até 11 de abril, a mostra “Cartazes Musicais”, de Kiko Farkas, designer formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A exposição reúne 45 dos cerca de 300 cartazes elaborados por ele para apresentações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) no período de 2003 a 2007.
A abertura da mostra foi acompanhada do lançamento do livro de mesmo nome pela editora Cosac Naify. O livro apresenta mais de 100 cartazes desta série, além de textos da designer norte-americana Paula Scher, do crítico musical Arthur Nestrovski, do professor de Design da Escola Superior de Desenho Industrial e da PUC-RJ João de Souza Leite e do próprio Kiko Farkas.
A realização do livro e da exposição foi motivada pela intenção de documentar a produção do designer no período, apresentando uma visão de conjunto até então inédita, uma vez que os cartazes eram vistos um a um, semana a semana, pelos frequentadores da orquestra. A partir desta visão global, a diversidade aparece como característica marcante do trabalho de Farkas: seus cartazes vão facilmente do geométrico ao fotográfico, do preto e branco à explosão de cores, da mancha à figura, da transparência à opacidade. Os elementos visuais – a linha, a forma, a tipografia integrada ao design – são utilizados para fazer referência à linguagem musical de forma ousada e nova, fugindo de clichês comumente associados à música erudita, tais como tons amadeirados, claves de sol, notas musicais e fotos de instrumentos.
A linguagem inovadora utilizada por Farkas está diretamente associada à mudança de imagem desejada pela Osesp: a ideia era retratá-la como instituição moderna, desvinculada da sensação de antiguidade frequentemente associada à música erudita. Era importante também desmistificar a noção de orquestra como programa restrito a um público específico.
Partindo destas diretrizes, Farkas reuniu elementos diversos – geométricos, da natureza, do cotidiano – à inspiração da música, visível no ritmo, na proporção e na harmonia presentes no conjunto de sua obra. A ideia de acessibilidade e aproximação ao grande público fica evidente não só na composição visual, mas também na frase que compõe todos os cartazes da série: “pode aplaudir que a orquestra é sua”.
A iniciativa persistente de sair do comum foi fator determinante no processo de produção dos cartazes, uma vez que eram elaborados sete ou oito por mês. Em texto presente na exposição, o designer declara: “cada vez mais acredito que projetos criativos dependam de pessoas. Pessoas que têm opinião, ideias, e que assumam o risco de levar em frente uma experiência transformadora”. A mostra “Cartazes Musicais” prova que a ousadia de Farkas rendeu bons frutos.