ISSN 2359-5191

07/04/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 02 - Saúde - Instituto de Estudos Avançados
Professor francês discute medicina filosófica

São Paulo (AUN - USP) - Ao longo da evolução da humanidade e, principalmente, da ciência, surgiram vários sistemas de medicina. Apesar da grande diversidade, todos têm o mesmo objetivo: o de curar. Foi sobre essa busca da cura que falou o professor francês Jean Pierre Gourbet, da l'École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), na palestra O sonho de uma saúde perfeita: de Hipócrates ao “Paradoxo Francês”, realizada recentemente no Instituto de Psicologia (IP). A palestra faz parte do ciclo de conferencias “O imaginario do vinho: uma sede de perfeição”, promovida em conjunto pelo Laboratorio de Psicologia Sócio Ambiental e Intervenção (LAPSI) e pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA).

Gourbet destaca especialmente a medicina filosófica, originada na Grécia antiga e cuja principal contribuição foi dada pelo filósofo Hipócrates (460 - 377 a.C), até hoje considerado o pai da medicina. Esse sistema se desenvolve dentro de um plano de quatro elementos, que seriam os quatro humores do ser humano. O equilíbrio entre eles garante a saúde. Já o desequilíbrio, por sua vez, corresponde à doença.

Além disso, na antiguidade a medicina aparece fortemente atrelada a outros ramos do pensamento, como as artes e a teologia. Por conta disso, diversos fatores são considerados no momento do diagnóstico. Alguns relativos ao próprio paciente, como seu gênero ou a fase da vida em que ele se encontra; e outros externos, tais como a estação do ano em que se encontram e a configuração astrológica. “Para fazer o diagnostico, o médico precisava fazer uma acrobacia entre 20 critérios diferentes”, conta Gourbet.

Dessa forma, revela o professor, receitavam-se tratamentos diferenciais a cada enfermo, sempre visando restaurar o equilíbrio entre os humores. Mas ele faz ainda uma ressalva sobre a importância de o médico cuidar primeiramente de si. “O médico, qualquer que seja ele, cuida do outro quando cuida de si próprio. Se não fizer isso, ele se torna incapaz de assumir seu papel principal, de cuidar”. “A medicina filosófica cuida de todos que estão no barco”, diz, referindo-se ao barco em que Ulisses, personagem da mitologia grega, fez sua viagem e enfrentou varias dificuldades.

Finalmente, Goubert comenta a importância desse sistema, voltado a um tratamento mais humanizado. “Tento explicar um sistema filosófico em cujo âmago está a medicina e um valor quase eterno: o sentido da ética. Ou seja, levar em conta que todas as pessoas têm um valor humano.” E enfatiza o seu caráter completo, que leva em conta a natureza propriamente dita e, principalmente, a natureza humana. “Vocês vêem o que acontece ao nível da terra, na natureza que nos cerca, e a natureza do homem.”

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