ISSN 2359-5191

14/04/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 04 - Saúde - Universidade de São Paulo
Primeiro manual brasileiro para diagnóstico de violência doméstica é lançado

São Paulo (AUN - USP) - O livro "IFVD - Inventário de Frases no Diagnóstico de Violência Doméstica contra crianças e adolescentes", dos autores e professores Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo (USP) e Antonio Augusto Pinto Junior (UFGD) foi lançado, na Livraria da Vila, em São Paulo. Trata-se do primeiro manual brasileiro para a identificação da violência doméstica contra crianças e adolescentes. O inventário pode ser usado não somente por psicólogos, mas por todo profissional que atua na área de violência doméstica: profissionais de saúde, assistência social, jurídica e por conselheiros tutelares, facilitando, assim, a identificação precoce e o planejamento da intervenção sócio-psicológica.

O manual é resultado de uma intensa pesquisa por parte dos professores iniciada com uma visita a Buenos Aires em 2001. Antonio Augusto e Leila Tardivo visavam adaptar o inventário, produzido na Argentina para a realidade brasileira. O projeto logo ganhou o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), devido à urgência de instrumentos de diagnóstico para esses casos.

A violência doméstica é um fenômeno endêmico, universal, e de longo alcance, já que atua de forma cíclica (crianças que sofreram abusos tornam-se, com muita freqüência, adultos abusadores). Pode ser considerado um problema de saúde pública, devido às seqüelas psicológicas e às conseqüências para a formação individual da criança vitimizada.

Em uma mesa redonda realizada no dia do lançamento do livro com os autores e a profissional especializada na área, Dalka C. A. Ferrari, e a pesquisadora Argentina, Rosa Inês Colombo, foram discutidos os aspectos da violência doméstica e a realização do trabalho que resultou no livro.

Foram esclarecidos, por exemplo, os tipos de violência doméstica: negligência, violência física, sexual, psicológica e fatal. Por sua vez essa violência causa transtornos na criança ou adolescente e esses são divididos em transtornos comportamentais, emocionais, físicos, cognitivos e sociais. O inventário diagnostica se houve algum tipo de violência e que seqüelas ela acarretou ao paciente.

Apesar de aparentemente fácil, trata-se de um trabalho muito difícil. Isso por que muitas crianças não querem se abrir e demoram anos para revelar o que sofreram. Devido a esse fato, o questionário a ser aplicado contém 47 frases que, apesar de eficientes no diagnóstico, não relatam o ato da violência em si. São frases como “Tenho medo de chegar em casa à noite” ou “Meus amigos sabem tudo sobre mim”, que o paciente responderá SIM ou NÃO. Quando terminado, as respostas devem ser analisadas visando o conjunto. O questionário apresenta também outras 10 frases, que não diagnosticam nenhum problema e servem para deixar a criança mais à vontade. Devida à complexidade do assunto, o método deve ser aplicado somente por profissionais relacionados à área.

A mesa redonda terminou com uma reflexão sobre a dificuldade de se erradicar o problema, que possui índices parecidos tanto no Brasil e na Argentina como na Inglaterra e na França. A infância em nossa sociedade ainda é “coisificada” e a violência é tomada muitas vezes como forma de educação. Como bem apontou Antonio Augusto Pinto Junior: “Por que bater em um adulto é agressão, bater em um cão é crueldade e agredir uma criança é educação?”.

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