São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas – IAG da USP, em parceria com a Petrobrás, criará ainda este ano, a primeira estação permanente de controle da atividade sísmica no país. A petrolífera estatal assumirá o financiamento da aquisição da estação, ao passo que a unidade acadêmica (IAG) da USP fornecerá o capital humano e técnico para a operacionalização e manutenção da estação.
O sismólogo Afonso Vasconcelos, do IAG, mostrou-se bastante otimista com a implantação da estação permanente da atividade sísmica no Pais que será a primeira do gênero no Brasil e a maior da América da Latina. Segundo aquele especialista a estação representa um avanço inédito nos estudos da atividade sísmica do país.
De acordo com Afonso, os estudos da atividade sísmica do país são feitos na sua maioria através de dados obtidos das únicas quatro estações dos Estados Unidos implantadas em território brasileiro, ou ainda através de servidores de outros países com sistemas confiáveis.
Orçada em aproximadamente R$ 8 milhões, a nova estação a ser instalada cobrirá o monitoramento de todo o território brasileiro, através de redes regionais, a entrada em funcionamento da rede será feita em diferentes fases, ao final deste ano, prevê-se a entrada em funcionamento de seis estações. Estima-se que a implementação total do projeto será em 2012, quando outras 34 estações entrarem em funcionamento, perfazendo uma rede de 40 estações que terão duração permanente.
O funcionamento da estação será com base num sistema integrado, onde cada estação ao registrar anomalias sísmicas, criará um conjunto de dados sobre o fenômeno que, em tempo real, serão enviados online, via satélite para a base central no IAG. Que, por sua vez, fará a interpretação, estudo e análise dos dados recebidos, para a liberação integral via internet para conhecimento público e acadêmico no Brasil e no exterior através de uma conexão conveniada com bases similares nos Estados Unidos.
Para Afonso Vasconcelos, além das estações serem uma mais valia para os especialistas, representam acima de tudo um ganho para a população, pois com o sistema de redes integradas, será possível responder mais rápido a população em casos de tremores de terras, permitirá ainda conhecer melhor a atividade sísmica em regiões remotas como a Amazônia e permitirá também decifrar melhor a estrutura do subsolo brasileiro (crosta, litosfera, manto).
Para a Petrobrás, estas informações são indispensáveis para a sua atividade, pois fornecerão as diretrizes de todo tipo de risco sísmico na implantação de refinarias, gasodutos etc. Estima-se que empresas de construção civil, usinas e hidroelétricas, também poderão se beneficiar dos mesmos dados para implantação de obras com passíveis de impacto na camada terrestre.
Com a entrada em funcionamento da estação, especialistas esperam obter novas descobertas no campo geofísico do Brasil, “Os estudos sísmicos no Brasil, em função da sua dimensão territorial e precariedade da tecnologia, até então eram limitados. Agora, com o funcionamento da estação, esperamos que traga descobertas inovadoras e maravilhosas”, concluiu Afonso Vasconcelos.