São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo, realizou no dia 24 de abril o evento “O conflito Israel-Palestina: a construção da paz vista de uma perspectiva global”. Foram cinco seminários nos quais professores israelenses e palestinos puderam dialogar sobre os aspectos que devem ser considerados nas discussões para um acordo de paz entre os dois povos.
Os professores, vinculados à Hebrew University (israelenses), Bethlehem University (palestinos) ou à ONG palestina “Palestinian center for the dissemination of democracy and community development”, procuraram debater assuntos relativos ao desenvolvimento tecnológico, à economia, aos direitos humanos e às diferenças culturais que interferem no processo de paz, acelerando-o ou lhe impondo obstáculos.
As novas tecnologias, por exemplo, podem ser muito úteis. O desenvolvimento de novos materiais que suprissem a falta de certas matérias primas evitaria o surgimento de conflitos por regiões que dispõem de tais recursos ou de condições naturais para produzi-los. Do mesmo modo, a informática facilitaria a integração entre capacidades intelectuais das duas regiões e entre centros de pesquisas.
Com relação à economia, discutiu-se a necessidade de se reduzir as barreiras que dificultam o acesso de trabalhadores palestinos à economia israelense, capaz de abrigá-los devido ao seu elevado grau de desenvolvimento.
Tratou-se também das posições que no devem ser adotadas no Brasil para ajudar no processo de paz. Estas posições devem ser assumidas tanto pelas comunidades árabes e judaicas quanto pelo governo e particulares ao estabelecerem relações comerciais, políticas e de troca de tecnologias com as regiões em conflitos.
Os direitos humanos não poderiam deixar de ser debatidos. Segundo o professor Edy Kaufman, de Israel, não haverá paz sem um sólido enfrentamento das questões relativas a esses direitos. As sociedades civis teriam, assim, um papel fundamental, exigindo das autoridades o cumprimento dos compromissos assumidos com relação aos direitos humanos. Os especialistas afirmaram que, do mesmo modo como na política internacional se coloca o conflito entre globalização e ação do Estado nacional, haveria, na aplicação dos direitos humanos, um conflito entre princípios universalistas e consideração das particularidades étnicas, que precisaria ser discutido.
Outras questões foram debatidas. Dentre elas, a necessidade de tentar amenizar os descontentamentos que se seguiriam ao estabelecimento do acordo de paz (principalmente por parte de movimentos extremistas de ambos os lados) ou mesmo a questão do gerenciamento dos recursos hídricos da região em conflito.