São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), por meio de uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, fornecerá análises técnicas que permitirão identificar a origem e a qualidade de drogas apreendidas, além de possíveis autores de disparos de arma de fogo. A parceria prevê o uso de laboratórios e equipamentos de alta tecnologia e permitirá avanços sensíveis na área de perícia criminal. Até o final do ano passado, as análises foram feitas em caráter demonstrativo e os resultados obtidos mostraram-se totalmente satisfatórios. “O sucesso do período de demonstração garantiu a parceria”, afirma Jorge Eduardo Sarkis, pesquisador do Ipen responsável pela equipe que realizará as análises.
Para o desenvolvimento das pesquisas serão utilizados um aparelho laser de grande potência e um espectômetro de massa (ICP-MS) que permite análises químicas de alta precisão. “As amostras de drogas enviadas pela polícia são transformadas em pastilhas compactas (alvo) através de secagem com nitrogênio líquido. As pastilhas sofrem a incidência do laser que as transformam em gás. O gás é capturado pelo espectômetro que analisa seus íons e emite um detalhado relatório sobre sua impressão digital química”, explica o pesquisador do Ipen. Assim, como cada amostra de droga possui sua impressão digital química determinada pelas condições do solo e do clima onde foi cultivada, pode-se descobrir sua procedência. Além disso, é possível determinar se houve a adição de substâncias estranhas à natureza da droga, como no caso da cocaína que sofre acréscimo de lidocaína, aspirina e até pó de mármore.
O processo para identificação de autores de disparos de arma de fogo é semelhante. O material coletado na mão de um suspeito é submetido à evaporação por laser e à leitura do espectômetro. Com os resultados obtidos, analisa-se a presença de elementos orgânicos do TNT (substância presente em qualquer tipo de munição), bem como seus graus de decomposição. Através desse método, é possível determinar não só, com maior precisão, se o suspeito foi o autor do disparo, mas também há quanto tempo esse disparo foi realizado, o que significa menor possibilidade de erro e maior aceitação judicial. Segundo Jorge Sarkis, apenas um laboratório, na Noruega, realiza testes de balística similares a este.
A parceria aguarda apenas a assinatura do governador de São Paulo para que possa atuar de forma extensiva, já que a Superintendência de Polícia Técnico-Científica deu parecer positivo. Ela conta com recursos financeiros do Programa de Apoio à Ciência e Tecnologia do CNPq e da Fapesp que serão utilizados na compra de equipamentos para modernização dos laboratórios. Além de fornecer laudos técnicos, o Ipen treinará técnicos criminalistas da polícia que dentro de alguns meses deverá realizar os testes em seus próprios laboratórios. “Um dos compromissos de nossa instituição é fornecer ferramentas à sociedade para a melhoria das condições de vida da população e esse convênio segue nessa direção”, afirma o pesquisador.