ISSN 2359-5191

01/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 21 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
MAC da USP realiza evento internacional

São Paulo (AUN - USP) - A arte contemporânea búlgara nos anos do pós-comunismo e a formação da arte contemporânea no Marrocos sob o domínio colonial foram temas da palestra ministrada pela professora búlgara TzvetomiraTocheva, da Universidade de Sófia, Bulgária, oferecida pelo MAC-USP da Cidade Universitária. Foi apresentada uma reflexão sobre o processo de formação da arte contemporânea nesses dois países que, apesar de todas as diferenças, apresentam muitas características em comum.

Tocheva iniciou a palestra justamente explicando o motivo da aproximação que fizera entre universos aparentemente contraditórios e distintos. Enquanto a Bulgária havia estado sob o domínio do império turco-otomano e posteriormente de um regime comunista, o Marrocos tinha sido protetorado franco-espanhol e vivencia atualmente uma realidade carente em liberdades artísticas e de expressão. Traçando algumas diferenças geográficas e culturais, a professora acaba justificando a escolha dessas duas realidades analisadas: a formação da arte em países que sofrem ou sofreram algum tipo de repressão ou direcionamento artístico e os efeitos disso na manifestação nacional e internacional de sua arte.

Segundo Tocheva, na Bulgária há uma tradição cristã vinculada à imagem, que permitiu uma penetração mais ampla relacionada às artes plásticas. Por isso, acadêmicos como Anton Mitov tiveram a oportunidade de apurar uma dimensão mais realista do país, diferentemente de pintores estrangeiros como Delacroix, que o representavam de maneira estereotipada. No início do século XX, a busca pela identidade búlgara marcou movimentos vanguardistas, que rejeitavam tendências orientalistas e buscavam experimentações estéticas modernas para a recuperação do folclore eslavo e de contos búlgaros. Esse processo, contudo, foi interrompido pela instalação do regime comunista na década de 30, que impediu o desenvolvimento da vanguarda durante o seu domínio. Somente nos anos 90 ocorreu o primeiro contato com a arte contemporânea. Nesse contexto, artistas como Ivan Moudov e Alexander Youzev, apesar de não serem reconhecidos nacionalmente, compõem o cenário da arte búlgara contemporânea no exterior, em que se faz uma crítica à sociedade pós-moderna e ao projeto utópico socialista.

Já no Marrocos, não havia uma tradição icônica, de forma que o islamismo contribuiu para a valorização do discurso edo desenvolvimento de uma arte não figurativa, expressa em tapetes, bijuterias e na decoração de mesquitas. Assim, Tocheva aponta como característica do colonialismo a Arte naïf, que se baseia na figuração auto-didata e descomprometida com uma investigação da identidade marroquina. Dessa forma, somente no momento da independência se deu início à discussão sobre a arte nacional e às abordagens críticas no país. No entanto, a realidade da arte no Marrocos ainda é paradoxal, uma vez que o governo aceita apenas a Arte naïf e as tendências orientalistas, sem que haja o reconhecimento de expressões artísticas contemporâneas.

Após a análise do contexto artístico e político desses dois países, Tocheva conclui destacando justamente a situação de jovens artistas búlgaros e marroquinos, que obtêm prestígio internacional — em exposições e bienais de arte — mas ainda enfrentam dificuldades internas de expressão e reconhecimento.

A palestra foi parte do projeto Local vs. Global, oferecido pelo MAC-USP, que também contou com uma apresentação do professor francês Sébastien Carimalo, da Université de Paris III.

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