São Paulo (AUN - USP) - Os pesquisadores da Psicologia-USP, professor Gerson Yukio Tomanari e o doutorando Nicolau Pergher, em conjunto com cientistas do Eunice Kennedy Shriver Center, estão desenvolvendo um estudo de comportamento de observação. A pesquisa é ampla e dentre suas aplicações está a de ajudar no desenvolvimento de novas formas de educação para crianças excepcionais. As causas de falhas no aprendizado dessas crianças são estudadas de forma mais detalhadas através de um equipamento desenvolvido para monitorar a direção do olhar.
Esse equipamento complexo é composto de uma tiara e câmeras. Elas detectam para onde a pessoa em estudo está olhando, isto é, pode-se localizar exatamente o ponto para que a pessoa está dirigindo o olhar. Com um monitor, eles realizam um teste simples de observação e memória: coloca-se na tela um certo símbolo, logo depois são colocados dois símbolos parecidos e a pessoa em estudo precisa tocar no símbolo igual ao primeiro. Logo depois são colocados três símbolos parecidos, é realizado o mesmo procedimento e assim por diante.
Pessoas normais olham as opções possíveis várias vezes para estudar os detalhes antes de escolherem a resposta correta. Entretanto, crianças com superseletividade de estímulos (pessoas que identificam apenas um aspecto ou característica de um objeto ou situação, por exemplo, identificam o nome Bruna apenas pelo B inicial), não conseguem acertar as respostas do teste, pois geralmente não observam todas as alternativas possíveis e não prestam atenção aos detalhes dos símbolos. Essa deficiência dificulta o aprendizado das crianças excepcionais; elas têm, por exemplo, dificuldades na alfabetização, não conseguindo diferenciar o E maiúsculo do F (a diferença é apenas um traço).
Uma das formas que os pesquisadores conseguiram encontrar para auxiliar no aprendizado dessas crianças seria o de guiar a observação delas. Por exemplo, no teste acima, os pesquisadores mandariam a criança observar cada símbolo três ou mais vezes antes de ela escolher a resposta. Outra forma seria o de apresentar um símbolo de cada vez, impondo à criança a obrigação de observar todos. Entretanto, a pesquisa ainda não conseguiu uma resposta definitiva para otimizar a educação dessas crianças e os estudos continuam. Mais informações no site: http://www.umassmed.edu/shriver/Research/Psychological/EyeTracking/