São Paulo (AUN - USP) - O Projeto “Posse Responsável e Controle de Natalidade” que este ano, entra no quinto ano de atendimento ao público, tem muito o que comemorar. Desde a reformulação do projeto, feita há dois anos, os números de animais domésticos atendidos, que antes eram cerca de 150 por ano, duplicou, atingindo 300. As cirurgias passaram a ser realizadas pelos alunos de graduação da disciplina Técnicas Cirúrgicas, com a supervisão de professores, durante várias semanas. Antes, eram feitas apenas por professores e funcionários e em apenas um dia.
O projeto foi criado visando especialmente ao atendimento à comunidade Jardim São Remo, localizada próxima à USP, pois muitos cachorros e gatos ficavam soltos e entravam na universidade, geralmente atrás de fêmeas no cio. Hoje, a campanha atinge outras localidades e, entidades com excesso de animais e prefeituras de cidades periféricas passaram a procurar os serviços.
“O projeto tem o intuito de diminuir o número de animais (domésticos) para diminuir o número de abandono”, afirma a professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Julia Matera, responsável pelo projeto. A campanha atua educando e conscientizando as pessoas sobre a crueldade que é cometida com o animal ao abandoná-lo, além de oferecer castração gratuita para os animais cujos donos não têm possibilidade de criar os filhotes.
Dos 300 animais que passam pela cirurgia anualmente, 60% são gatos e 40 %, cães. “Atendemos mais gatos, pois eles se reproduzem num intervalo muito mais curto. A gata está terminando de amamentar, entra no cio e pode ser fecundada de novo. As cadelas demoram ainda quatro ou cinco meses”, explica Julia. Além disso, o número de fêmeas castradas é muito superior ao de machos. “Os donos de machos não se sentem responsáveis, as pessoas são muito machistas”, lamenta a professora, afirmando que o macho tem uma grande responsabilidade no controle populacional, já que pode cobrir varias fêmeas num curto período de tempo.
Hoje, estima-se que existe um animal doméstico para cada sete pessoas. O ideal seria reduzir esse número para metade ou um terço.
A cirurgia de castração consiste na retirada de ovário e útero nas fêmeas (ovariohisterectomia) e dos testículos no macho (orquiectomia). O maior risco que o animal corre é o anestésico, como em qualquer procedimento cirúrgico, mas apesar disso, a operação é considerada de baixo risco. Os animais voltam no mesmo dia para casa.