São Paulo (AUN - USP) - O carromoto é uma proposta de automóvel para tentar melhorar os congestionamentos dos grandes centros urbanos. Assemelha-se a uma moto por ter dimensões reduzidas, rodas com grande diâmetro, motorização com potência inferior à de carros e por comportar até dois passageiros (um na frente e outro atrás). Entretanto, possui quatro rodas e é coberto, proporcionando mais segurança e conforto.
O projeto é Trabalho Final de Graduação do estudante de arquitetura (FAU-USP) Celso Akiyoshi Mori. Segundo ele, o carromoto foi desenvolvido levando-se em consideração, além da necessidade de se ocupar pouco espaço, questões relativas à segurança, conforto, economia e meio-ambiente.
As dimensões do veículo são de 2,42m de comprimento por 1,05m de largura. A altura é de 1,5m. Portanto, um pouco maior que uma moto (que tem, em média, dois metros de comprimento e 70cm de largura) e menor que a metade de um carro popular (que possui quase quatro metros de comprimento e mais de 1,5m de largura).
Carlos Alberto Inácio Alexandre, professor da FAU e orientador do trabalho, lembra que, por apresentar essas dimensões reduzidas, o carromoto, além de viabilizar o tráfego nas vias urbanas, pode ser estacionado de frente para a guia. Assim, o problema da falta de vagas para estacionamento também seria amenizado.
Para se entrar e sair mais facilmente do veículo, o projeto prevê uma peça basculante, de vidro, que abre para cima. Tal peça faz o papel, ao mesmo tempo, de teto e lateral. Dessa forma, vagas em estacionamento poderiam ser ainda mais estreitas que as convencionais.
O design do carromoto é realista, ou, nas palavras do professor Carlos Alexandre “a forma não é especulativa no sentido de criar um choque visual, mas o design chama a atenção, além de aliar aspectos aerodinâmicos e espaciais”. Entretanto, o professor acrescenta: “não se trata apenas de uma proposta de estilo, mas de solução”.
O motor previsto é de 400 cilindradas, localizado na parte traseira do veículo. A intenção é que ele seja híbrido (elétrico e a álcool), o que tornaria o carromoto econômico e pouco poluente. “Temos de lembrar que o carromoto é leve e que, portanto, um motor dessa potência é suficiente para garantir um bom desempenho”, ressalta Celso.
Visando ao máximo de conforto no trânsito, houve uma atenção especial com a ergonomia. Foram realizados testes para condutores de várias estaturas até se chegar ao modelo de assento ideal. “A posição de sela, como uma montaria de cavalo – a mesma de motos – é a mais confortável. As pernas ficam dobradas a 45 graus e as costas ficam eretas, não amassando as vísceras e deixando o corpo fixo”, explica Carlos Alexandre.
Ainda no quesito conforto, o sistema de direção planejado é o drive-by-wire, no qual o controle do veículo se dá totalmente pelo volante, não havendo pedais. Além disso, devido a buracos e irregularidades das pistas, foram escolhidas rodas grandes, com diâmetro de 65 cm.
Embora leve e pequeno, o carromoto seria seguro. “O espaço interno tem forma de ovo. Isso o torna estruturalmente mais rígido e permite a formação de uma cápsula, de um invólucro indeformável, ainda mais com as barras de proteção laterais e com o chamado santo antônio” argumenta o professor. Celso, o autor do projeto, ainda lembra que as rodas estreitas geram estabilidade e aderência.
Veículos com o mesmo propósito do carromoto já chegaram a ser produzidos. No Brasil, o mais famoso deles foi a Romi Isetta, fabricada no interior de São Paulo na década de 50. Carro em forma de ovo e com a porta na parte dianteira, a Romi Isetta era opção em economia (podia fazer até 25 km/l) e agilidade. Entretanto, apresentava desempenho ruim (ia de 0 a 60 km/h em 60s) e pouco conforto.