São Paulo (AUN - USP) - Já acabou o tempo em que o dentista precisava ter uma visão privilegiada para detectar cáries nos dentes dos pacientes. Hoje em dia, novas técnicas permitem que o profissional tenha mais certeza se há cárie e de que maneira esse problema está evoluindo.
O dentista e pesquisador escocês da área de cariologia (estudo das cáries), professor David Ricketts, participou da XVII Reunião de Pesquisa da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), ocorrida na primeira quinzena de maio. O professor fez uma palestra sobre as novas formas de tratamento de cáries e depois participou de um debate com a platéia, formada principalmente por professores e pós-graduandos da FOUSP.
Dentre as novas técnicas discutidas por Ricketts, está a radiologia de subtração. Ela é diferente da radiologia tradicional, que já foi um avanço em relação ao método tradicional do olho nu, por permitir uma análise mais profunda do dente. A nova técnica é mais sensível, pois emprega sistemas totalmente computadorizados, em que os filmes radiográficos tradicionais são substituídos por sensores tipo CCD – Charge-Coupled Device – ou placa óptica. Dessa maneira, o dentista pode comparar radiografias de seus pacientes para analisar de que maneira a cárie evolui, ou seja, se ela está respondendo ao tratamento ou não. Em um programa de computador, há uma escala de 1 a 5, que vai da certeza de que houve mudanças na cárie à certeza de que não houve. “Com a comparação, temos certeza do que está acontecendo”, diz o palestrante.
O segundo programa que facilita a detecção de cárie se chama Diagnodente, um aparelho que emite uma luz laser nos dentes. A fluorescência da luz é diferente quando o dente apresenta cárie e quando está saudável. Isso se explica pela mudança de densidade que os dentes cariados apresentam em relação aos normais. A fluorescência da luz é transformada em números pelo programa de computador, que já analisa quão saudável está o dente.
Essas novas técnicas e outras, ainda em desenvolvimento, auxiliam o trabalho dos dentistas, mas apresentam algumas desvantagens também. Do lado positivo está o aumento da sensibilidade na percepção da doença, apresentação de medida objetiva para o problema e poder de monitorarem a evolução das lesões. Do lado negativo, estão a necessidade de constante calibragem dos aparelhos e a possibilidade de leituras falsas devido à presença de corantes, placas e outras interferências na boca do paciente.