ISSN 2359-5191

11/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 29 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Espécies de beija-flor são redefinidas
Uma espécie pode ser a menor do Brasil, outra desbanca uma pesquisa alemã.

São Paulo (AUN - USP) - O ranking de menor beija-flor do Brasil pode mudar. A Phanethornis nigricinctus pode ultrapassar o marco da Phaethornis ruber. A disputa é acirrada: com um centímetro de diferença, a classificação dessas espécies irá passar por uma transformação. Até então, aquela era tratada como uma variante desta, uma raça geográfica. Porém, um artigo de Vitor Piacentini, ornitólogo do Instituto de Biociências da USP irá reorganizar essas pequenas criaturas e tratar a P. nigricinctus como uma nova entidade evolutiva e espécie válida.

Enquanto a P. ruber tem aproximadamente nove cm, a P. nigricinctus atinge de sete a oito cm. Tem a cauda e o corpo tão pequenos quanto o menor beija flor do mundo, o beija flor abelha, com uma pequena diferença no bico.

Além disso, Piacentini também irá modificar outra classificação: um pássaro que foi considerado como híbrido por pesquisadores alemães na década de 80 não tem muito em comum com as espécies supostamente parentais. O beija flor Phaethornis aethopyga tem características e posição geográfica específicas. Pode ser encontrado em regiões onde não se acha ou uma ou as duas supostas espécies progenitoras, a P. ruber e P. rupurumii amazonicus. A P. aethopyga possui características só dele, como coloração e canto. Só se encontra no Brasil, entre os rios Tapajós e Xingu.

O gênero Phaethornis é o 2º com mais táxons – espécies e subespécies – do beija-flor. É também um dos mais controversos quanto a taxonomia – que é a separação das populações em espécies, subespécies, gêneros e famílias. As definições são subjetivas, as diferenças são frágeis e os limites são tênues. Além disso, há sérias divergências entre os pesquisadores sobre o conceito de espécie. Vitor Piacentini topou o desafio de rever a taxonomia do gênero, o que faz desde 2007.

Para chegar a esses resultados, ele analisou cerca de 9.300 peles – forma mais eficiente de conservar e armazenar a estrutura externa da ave - coletadas ao longo de 200 anos. A mais antiga é de 1820 e está em ótimo estado. Comparou diversas populações; fez expedições para o nordeste e para a Amazônia para preencher lacunas do conhecimento; visitou oito museus nos Estados Unidos, nove na Europa, quatro na América do Sul, além de nove museus brasileiros, inclusive o Museu de Zoologia da USP. Depois do exaustivo trabalho de coleta, análise e comparação, esses são apenas alguns dos resultados.

Há também a possibilidade de unir as forças da USP, do Museu paraense Emílio Goeldi e da Louisiana State University para empreender estudos com dados genéticos, para construir uma árvore filogenética do gênero.

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