São Paulo (AUN - USP) - A pesquisa clínica atual, responsável pela criação e aprovação de medicamentos e de produtos voltados à estética, tem algumas características comuns ao tipo de pesquisa que era realizado por cientistas há mais de 400 anos. Pelo menos é isso que tentou provar a pesquisadora Sheila Cortelli, investigadora assistente do Núcleo de Pesquisa Periodontal da Universidade de Taubaté. Ela abriu o XIV Seminário de Iniciação Científica da Faculdade de Odontologia da USP, ocorrido recentemente.
A palestrante explicou a definição de pesquisa clínica, que é diferente da pesquisa científica, mais comum nos centros de pesquisa nas universidades brasileiras. Ela se caracteriza por ser um estudo sistemático que segue métodos científicos aplicáveis aos seres humanos, sadios ou enfermos. Pode também ser definida como investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou verificar os efeitos de produtos investigados, averiguando sua segurança ou eficácia.
“A pesquisa é um trabalho capaz de avançar o conhecimento”. Essa frase de José Goldemberg, membro da Academia Brasileira de Ciências, marca a principal função de qualquer pesquisador: avançar. Dessa maneira, podemos considerar que alguns aspectos da pesquisa de hoje já eram relevantes tempos atrás, em meados do século XVI.
Galileu Galilei foi o primeiro a juntar, por volta do ano de 1600, pesquisa científica com matemática, ou seja, ele foi o primeiro a se dedicar à análise dos resultados a partir dos dados do experimento. Ao longo do tempo, outros pesquisadores foram contribuindo para formar o que hoje é a pesquisa clínica. Francis Bacon fazia descrições detalhadas e tabulações de qualquer experimento. Já para Descartes, “duvidar é pensar”. Ele dividia sua pesquisa em quatro regras básicas: verificar se existem evidências reais do fenômeno estudado; dividir as unidades de estudo de acordo com sua complexidade; revisar periodicamente os resultados e divulgar o resultado final apenas quando se tratar de uma verdade sem dúvidas.
Esses pesquisadores e outros contribuíram para que hoje, tempo privilegiado pela tecnologia, os pesquisadores tenham rigor e métodos eficientes para fazer suas pesquisas e ajudar toda a população.