São Paulo (AUN - USP) - Um censo em Linhares, ES, determinará a variação da população de mutum-de-bico vermelho. Entre julho e agosto, o laboratório de ornitologia do Instituto de Biociências da USP fará uma expedição de coleta de dados. Há alguns anos, o mesmo laboratório fez um plano de conservação da espécie, cujo nome científico é Crax blumenbachii.
O objetivo é mapear as ocorrências do animal, para verificar a eficácia do plano. Luis Fábio Silveira, coordenador do laboratório, não está muito otimista. Crê que o Ibama tem falhas na fiscalização dos crimes ambientais. Além disso, o órgão está em greve desde o dia 12 de abril. O coordenador de fiscalização do Ibama, Roberto Cabral Borges, diz que há uma relação entre a greve e o aumento do desmatamento. O prejuízo também pode se estender às populações animais.
Com topete crespo característico, aparência de uma grande galinha e ameaçado de extinção, a ave habita as regiões do Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, na Floresta Atlântica. Esta foi sensivelmente destruída desde o descobrimento do Brasil, apesar de protegida pelo Decreto 750/93.
Acredita-se que a exploração do habitat expulsou o mutum de lar natural, inclusive de algumas áreas protegidas, como o Parque Nacional de Monte Pascoal. A sua população vinha decrescendo, bem como sua área de ocorrência. As ameaças a essa ave vão desde o desmatamento até a caça ilegal.
O plano de conservação, de fevereiro de 2004, propõe uma revisão da Lei 9.605, de 98, que trata da criminalização da caça. Também encoraja a adoção de agricultura de baixo impacto ambiental. Silveira anseia por uma maior proteção ao meio ambiente e a fiscalização dos habitats dessa ave tão carismática, ao incorporar a preservação da espécie à legislação.