ISSN 2359-5191

15/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 31 - Sociedade - Faculdade de Direito
Faculdade de Direito cria espaço para produções independentes

São Paulo (AUN - USP) - De filmes amadores a obras feitas por cineastas, o Cineclube da Faculdade de Direito (FD) da USP, inaugurado recentemente, oferece espaço para produções sobre temas variados. No dia da estreia, houve duas horas de projeção de curtas e bate-papo com os diretores das obras exibidas. Na lista, filmes sobre canibalismo, solidão, autofagia e uma releitura de “Ensaio sobre a Cegueira” (anterior à de Fernando Meirelles).

"São filmes misantrópicos, anti-humanos”, é assim que Paulo Oliveira define sua produção. Diretor, roteirista, ator e produtor de três curtas exibidos na inauguração, Paulo é publicitário. Todos os seus vídeos foram filmados com uma câmera digital comum e editados com equipamento amador, e todos tratam de temas controversos e indigestos. Um deles, “Fome”, mostra um homem nos limites da inanição comendo as próprias entranhas, outro associa prazer sexual ao canibalismo. Entre irreverência e existencialismo, Paulo se considera mais irreverente, e diz que sua ideia é chocar e mostrar que tabus sociais nem sempre são naturais.

A obra de José Saramago foi inspiração para o curta de Herculano de Almeida, ator do Amapá que veio para São Paulo na década de 80. Herculano conta que seu maior choque ao chegar à cidade foi ver os moradores de rua embaixo do Minhocão, e sobre a cena que viu montou uma peça de teatro, de nome “Cegueira”.

Recebeu a sugestão de transformar a peça em cinema de um dos espectadores, “ninguém tinha me convidado para fazer um filme até chegar aqui em São Paulo", admite o ator. Desde então gravou exaustivamente, montou o elenco com atores amadores (uma advogada, um psicólogo, uma arquiteta, uma moradora de rua), e contou a história de cegos que seguiam atrapalhadamente pelo centro da cidade e são acolhidos por uma mendiga que enxergava. A mendiga simboliza as pessoas para quem os cegos nunca tiveram olhos enquanto podiam ver. O resultado visual lembra muito a obra de Meirelles, mas Herculano garante que nunca tinha visto o filme quando montou o seu.

Dentre seus projetos para o futuro, já tem o enredo para dois longas. Um deles trata da história verídica de um menino que foi baleado, fica quatro meses no hospital em recuperação, encontra com o médico que salvou sua vida e o assalta. O médico diz que salvou sua vida e o rapaz responde: “Você estudou para isso, não fez mais que sua obrigação”. No final o garoto acaba voltando ao hospital e morre na maca, não se sabe se por culpa do médico.

Breve história
O movimento Cineclubista surgiu na França, na década de 20 do século passado, e chegou ao Brasil com o Cineclube ChaplinClub, em 1929. Desde então teve seus altos e baixos, sendo muito presente durante a Ditadura Militar, mas hoje em dia não faz parte da cultura da maioria dos brasileiros. Até na USP são poucos exemplos, como o “Cineclube Cinéfilo” em Ribeirão Preto - importante ressaltar que o Cineclube não se limita à exibição de filmes, ele tem como objetivo gerar debates, ser um espaço de discussão e divulgação de produções não comerciais.

Nesse contexto que a parceria entre o Centro Acadêmico da FD e a produtora “Exotique Filmes” lança o “Cine Clube Art Decò”, com sessões quinzenais de produções independentes que tragam debates e reflexões sobre temas diferentes. Os dois órgãos já haviam realizado uma mostra de curtas nos meses de março e abril e o Cineclube é a continuação do projeto, exibindo inclusive alguns dos vídeos da mostra.

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