ISSN 2359-5191

27/03/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 02 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Construções de terra crua são mais baratas

São Paulo (AUN - USP) - Certos tipos de construções podem ser mais baratos, agredirem menos o meio ambiente e apresentarem certas vantagens construtivas se comparadas às edificações convencionais. É o que defende o alemão Gernot Minke, arquiteto e diretor do laboratório de construções experimentais da Universidade de Kassel (Alemanha).

Em palestra realizada no auditório da FAU, Minke discorreu sobre o tema bioarquitetura. Ele tratou de assuntos como construções de barro e telhados com terra e vegetação.

No que diz respeito a construções de barro, o professor alemão citou técnicas como a taipa de pilão, que consiste em apiloar o barro em camadas dentro de uma fôrma. Depois, a fôrma é retirada e o que se tem é uma parede de barro.

A taipa de pilão não é um método novo. Trazida para o Brasil Colônia pelos portugueses, ela já era utilizada em outros lugares, como Marrocos e China. Entretanto, com a implantação de novas tecnologias, esse método ressurge no cenário da construção civil.

Entre as inovações utilizadas está o compactador de ar comprimido, aparelho que assenta um metro cúbico de terra em duas horas (um homem demora em média 30h para fazer o mesmo trabalho). Também há uma máquina vibradora, que nada mais é do que uma placa que assenta o barro através de movimentos repetidos.

Ainda em relação a construções de barro, Minke mencionou os chamados adobes, tijolos de barro cru. "Os adobes são aproximadamente 40% mais baratos que tijolos cozidos, pois sua confecção prescinde de energia para cozimento", fala Minke sobre os custos dos adobes.

As construções com adobes, geralmente, têm fôrma de arcos ou cúpulas, pois desse modo, como diz o professor, "não há a necessidade de estruturas de sustentação". Por isso, Gernot Minke tem desenvolvido, em várias partes do mundo (como Alemanha, Índia e Bolívia), técnicas de construção com esse tipo de tijolo.

Segundo o alemão, o uso de terra na construção civil tem várias vantagens: "a matéria-prima está no próprio terreno, o que barateia os custos de uma obra; a terra crua absorve bastante umidade, reduzindo a quantidade de fungos que usualmente se reproduzem em paredes convencionais; o barro é um bom isolante térmico, garantindo temperaturas internas mais ou menos constantes tanto no inverno quanto no verão, dipensando o uso do ar-condicionado".

De acordo com a qualidade da mistura (o ideal é 70% de areia e 30% de argila), pode-se acrescentar um pouco de cal, cimento, caseína ou azeite de linhaça à liga. Como reboco, utiliza-se cal ou esterco.

Muitas das contruções com adobes em forma de cúpula apresentam cobertura vegetal. Sobre os tijolos, coloca-se uma espécie de papel asfáltico como impermeabilizante. Sobre este, uma camada de aproximadamente 15cm de solo. Nesse solo, é plantado um certo tipo de vegetação, geralmente grama. No entanto, esse tipo de telhado também pode ser feito em outros tipos de construção.

Telhados verdes, como são conhecidos, também são mais baratos e contribuem em muito para o isolamento de temperatura, sendo por isso indicados para países com invernos bastante rigorosos. Além, é claro, de conferirem uma aparência estética diferente.

Minke também apresentou como métodos experimentais o uso de bambu e palha na construção civil.

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