São Paulo (AUN - USP) - O Brasil não contribui para o aumento dos gases causadores do efeito estufa no planeta, pois a emissão de dióxido de carbono e a absorção do mesmo pela floresta amazônica estão praticamente equilibradas.Este é um dos resultados da pesquisa do Instituto do Milênio – LBA, coordenado pelo professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP.
O grupo também estudou os mecanismos do ciclo hidrológico na Amazônia. Foi descoberto que as queimadas aumentam a concentração de aerossóis no ar, o que faz com que as nuvens se tornem mais altas e menos eficientes, sendo carregadas para longe. Deste modo, a região amazônica perde água, fazendo com que chova menos ainda. Daí seguem-se mais queimadas, mais aerossóis e assim por diante, aumentando cada vez mais a degradação do ambiente.
Em dezembro de 2001, o Ministério da Ciência e da Tecnologia escolheu 17 projetos, entre 200 propostas, para serem Institutos do Milênio, que pesquisariam temas importantes para o desenvolvimento brasileiro. Estes Institutos recebem verba diretamente do Ministério e empréstimos do Banco Mundial. Além disto, cada projeto conta com pesquisadores de diversas partes do Brasil, reunidos em redes virtuais.
O Instituto do Milênio – LBA é um projeto multidisciplinar e integrado, que pretende estudar o ecossistema amazônico como um todo e não só seus aspectos particulares. Ele é parte do LBA (Experimento de grande escala da biosfera-atmosfera na Amazônia, sigla em inglês), um projeto internacional que envolve 600 pesquisadores e tem verba de 80 milhões de dólares por cinco anos. O IM – LBA envolve 10 instituições diferentes que realizam 13 subprojetos. Há cientistas de várias áreas (biólogos, físicos, agrônomos, geólogos etc.) trabalhando no projeto.
Alguns dos 13 subprojetos do IM – LBA são o do próprio professor Paulo Artaxo, que estuda as mudanças de solo e suas implicações climáticas; o da EMBRAPA, que estuda alternativas economicamente viáveis à queimada e suas implicações climáticas; e o do Museu Paraense Emilio Goeldi que estuda a recuperação da floresta na Amazônia Oriental.
Os dados recolhidos pelo Instituto do Milênio servem para estruturar políticas públicas que minimizem o dano ambiental, diz o professor Paulo Artaxo. É preciso conhecer bem o ecossistema para poder desenvolver estratégias de exploração sustentada.