ISSN 2359-5191

18/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 34 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Prescrição médica é muitas vezes equivocada

São Paulo (AUN - USP) - A saúde no Brasil apresenta vários problemas graves e estruturais. Dentre esses, o que deveria buscar uma solução o mais urgente possível é o da prescrição médica. O treinamento e ensino de Medicina têm uma grande deficiência nessa área, levando o médico a receitar muitas vezes o remédio errado para o paciente. Com a consciência dos problemas desencadeados e uma preparação mais adequada, isso poderia ser mudado.

Vários fatores deveriam ser levados em consideração na escolha de um tratamento. “O profissional avaliaria a efetividade e possíveis consequências de um fármaco de acordo com doenças já instaladas, idade do paciente, ‘grupo genético’ (ascendência familiar) e interações medicamentosas”, aponta Moacyr Aizenstein, membro do grupo ministerial de uso racional de medicamentos e também professor da área Biomédica USP. Quando nenhum desses fatores é posto em pauta - ou seja, em todas consultas médicas convencionais do nosso país -, resultados inesperados (e em maioria negativos) podem aparecer.

“Os efeitos adversos prolongam a estadia de um paciente em média 20% nos hospitais”, diz o professor. E boa parte deles é resultado de más interações medicamentosas. Isso porque para compreendê-las, deve-se possuir um conhecimento muito específico do medicamento prescrito – como é absorvido, como é metabolizado, como se distribui no organismo, sua atuação e eliminação. “Se você associa dois medicamentos, um pode interferir na forma de atuação do outro, pode impedir a eliminação do outro, causando toxicidade, ou fazer com que ele seja eliminado rapidamente e não alcançar seu efeito desejado” relata o pesquisador.

Uma equipe de saúde é uma solução interessante para parte do problema da falta de uso racional de fármacos: “Para funcionar a prescrição tinha de ser feita em conjunto enfermagem, médicos e farmacêuticos aliados”, coloca Moacyr. Num esquema desse tipo, a enfermagem montaria um bom histórico do paciente, os médicos avaliariam o estado e fariam uma descrição que, por fim, seria passada à farmacêuticos que, com seu conhecimento específico, poderiam montar uma receita condizente e eficiente. Em vários países desenvolvidos, o formato de atendimento ao enfermo já é desse tipo. Em São Paulo, podemos apontar o Hospital Universitário da USP como um dos poucos que possui uma equipe de farmacêuticos clínicos (que lidam com o paciente).

Dentre as dificuldades que englobam o uma administração errada de medicamentos, a preparação do médico mostra-se o mais fácil de ser resolvido. Para os outros, grandes reformas, principalmente no sistema de saúde do país todo, devem ser feitas, o que demanda anos e anos e esforços governamentais.

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