ISSN 2359-5191

21/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 35 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Você toma o remédio certo?

São Paulo (AUN - USP) - A utilização de remédios é muito delicada. Porém, a vemos cada vez mais com naturalidade e praticidade, nos auto-medicando ou aceitando conselhos de amigos e parentes. Práticas como estas, podem gerar complicações e, por isso, foi criado um grupo interministerial para estudar o uso racional de medicamentos. Os assuntos cuidados por esse grupo começam com a produção do medicamento e vão até o consumo, passando pela aprovação do governo, distribuição, prescrição, venda etc.

Depois de pesquisas, vários motivos são apontados para que um doente não busque um médico ou não cumpra o tratamento receitado. O professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Moacyr Aizenstein, que atua há dois anos no grupo que procura soluções para o mau uso de medicamentos, aponta que a falta de diálogo, de informação e de infraestrutura são as maiores causas do uso incorreto.

Antes mesmo de chegar a um hospital, um doente pode optar por usar um remédio que foi indicado por um amigo, algum que tenha em casa ou mesmo ser influenciado pela publicidade. Opções como estas são feitas quando a deficiência na infraestrutura dos hospitais é tão grande que um paciente acaba optando por resolver sozinho seu problema. Esperas longuíssimas, falta de espaço para cuidar de todos os doentes e mau atendimento podem desmotivar a visita ao médico. Para resolver isso, existe uma grande demanda de tempo e verba. O funcionamento dos hospitais no Brasil é muito precário e, para atingir uma melhora significativa, grandes mudanças no sistema de saúde todo são necessárias.

Chegando à consulta, “quase 60% dos pacientes não adere ao tratamento. Nesse índice entram desde os que nem iniciam, os que não têm dinheiro para comprar o remédio, os que tomam errado e até os que tomam alguns dias e, ao ter uma melhora, suspendem o uso”, diz Moacyr. A falta de diálogo é o personagem principal na administração equivocada de fármacos após a prescrição. Muitas vezes o profissional da saúde não tem a sensibilidade de conversar com o paciente e explicar corretamente como o remédio deve ser utilizado. “O tempo médio de consulta é de 6 minutos”, aponta o professor, tempo muito curto para que o médico saiba bem a condição do paciente e ainda esclareça o modo correto de tratamento.

As complicações podem chegar até a farmácia. Muitos remédios são vendidos sem receita e as conseqüências disso podem ser muito sérias. Se o medicamento vendido for, por exemplo, um antibiótico, se mal administrado, as bactérias do indivíduo podem se tornar resistentes e a proliferação terá um controle muito mais complicado.

Todos estes fatores condicionam um uso incorreto de fármacos. O interessante seria começar uma reforma junto ao Ministério da Saúde, melhorando a qualidade do atendimento. Quando o atendimento é ruim, o doente muitas vezes vai até a drogaria e compra o remédio sozinho. “Uma grande mudança estrutural no sistema de saúde é necessária. Porém, como isso demanda muito tempo, uma solução mais rápida seria educar bem nossos médicos” diz Moacyr. E completa: “Talvez se a informação do paciente e o diálogo com a equipe de saúde melhorasse, menos efeitos adversos seriam encontrados”.

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