São Paulo (AUN - USP) - Grupo de pesquisa do Instituto de Biociências (IB) da USP descobriu potencial anti proliferante, ou seja, contra o câncer, nos Crótons. O resultado será publicado pelo grupo coordenado por Antônio Salatino, professor do IB. Os crótons são usados como decoração em vasos e jardins e já eram usadas pela medicina popular contra diarreia, excesso de colesterol, diabetes e males do fígado. A comprovação popular da eficácia dos crótons estava muito a frente da comprovação científica. Porém, dessa vez, a ciência passou na frente.
Descobriram que o extrato da planta retarda em até 50% o crescimento de células tumorais. O próximo passo é isolar a substância responsável por essa ação contra o crescimento desenfreado das células. “Esse gênero é potencialmente útil para o tratamento de câncer”, afirma Antônio Salatino.
Após coletar e secar as folhas e caules, o extrato da planta é retirado com ajuda de diferentes solventes e adicionado a uma cultura de células - mantidas em culturas de laboratório na Unicamp - de tumores malignos, como os do pulmão, próstata, cólon, entre outros tipos de câncer comuns ao ser humano. A espécie Crotons macrobothrys é a grande aposta dos pesquisadores. Não se sabe ainda qual é o princípio ativo do extrato com essa função, mas este é o próximo objetivo do grupo de Salatino.
Eles não têm a pretensão de fazer um medicamento a partir dos resultados. “Tem um distanciamento muito grande entre a universidade e empresas. Por isso, leva tempo e recursos para achar a aplicabilidade de uma substância”, diz Salatino.
Cróton é um gênero vegetal que abriga mais de 1.300 espécies. Classificado na família Euphorbiaceae, mesma da mamona, seringueira, coroa de cristo, entre outras conhecidas. Ocorre nas áreas tropicais de vários continentes, como Ásia, África e América. Está presente em ambientes rurais e em vasos decorativos nos jardins. Nos Estados Unidos, a pesquisa com esse gênero já está bastante avançada.
No Brasil, ainda é incipiente, mas abriga um imenso potencial: como o país tem proporções continentais, há diversas espécies que só ocorrem no Brasil, além de serem encontradas em uma área que vai do nordeste ao sul, de florestas a cerrado e caatinga. Segundo Deborah Cursino, também pesquisadora do grupo, “temos a possibilidade de encontrar espécies que nunca foram descritas”, além de descobrir substâncias novas para o gênero. “Temos um leque de possibilidades muito grande”, diz. O grupo foca sua pesquisa em trinta espécies e contém pesquisadores de outras áreas, como taxonomia, e até de outras universidades, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de São Carlos e a Unicamp. Nesta, é o grupo do Prof. João Ernesto Carvalho que mantém as células tumorais e é lá que o procedimento de análise da ação antiproliferativa é realizado.