São Paulo (AUN - USP) - A preocupação em testar praguicidas e ensinar crianças e jovens a evitar a proliferação de pragas urbanas fez com que a bióloga Lúcia Schüller criasse o Museu Vivo Bicho Pau. Lúcia Schüller, diretora superintendente da ABC Expurgo Serviços, montou, nas instalações da empresa, o museu que abriga diversas espécies vivas de insetos, como moscas e formigas caseiras. O museu, situado em São Bernardo do Campo, já recebeu visitas de várias escolas da região do ABC. As visitas são gratuitas e agendadas para as terças e quintas.
As crianças, além de poderem ver de perto os insetos, fazem trabalhos manuais e recebem, de modo divertido, instruções das monitoras para impedir a manifestação das pragas em suas casas. Elas ensinam táticas simples, como não deixar o lixo de casa exposto para não atrair moscas, tapar frestas que servem de abrigo a formigas andarilhas e armazenar bem os alimentos evitando a infestação por pragas de cereais.
O museu, criado em 2001, abriga três espécies de formiga, uma de saúva, uma de mosca, duas de baratas, além de besouros e carunchos que atacam cereais estocados. Há também a criação de bichos-pau, que não são pragas, mas são uma atração para os visitantes, devido ao seu aspecto peculiar. O museu está tentando criar cupins, mas a criação que sobreviveu não é passível de ser vista. Os cupins se mantêm dentro da madeira colonizada. Para o futuro, a bióloga Lúcia estuda a possibilidade do museu conter uma nova espécie atrativa: o bicho da seda.
A criação dos insetos, principalmente das moscas, demorou a ser desenvolvida. Várias tentativas foram feitas até se alcançar as condições ideais do ambiente e alimentação para que os insetos sobrevivessem. Para nutri-los são utilizados leite em pó, no caso das baratas, e ovo em pó e tenébrio (tipo de larva), no caso das formigas.
A empresa é especializada no controle de pragas e trabalha com diversos segmentos de mercado como restaurantes e indústrias. Os serviços da empresa incluem a análise das condições sanitárias de restaurantes e indústrias alimentícias, que podem ou não ser favoráveis à manifestação das pragas. A criação das pragas dentro da empresa promove a realização de testes para averiguar a eficácia de produtos que as combatem e que acabaram de ser lançados no mercado. Para isso, o museu também contém ratos de laboratório utilizados como cobaias para experimentos com raticidas.
A bióloga Lúcia também está pesquisando, para seu mestrado junto à Faculdade de Saúde Pública, microorganismos patogênicos presentes em formigas andarilhas. Segundo ela, o trabalho educativo que a ABC Expurgo realiza é uma retribuição à sociedade que paga pelos seus serviços. As informações que o museu oferece para as crianças e jovens em fase de aprendizado servem para que futuramente eles tomem medidas preventivas contra a proliferação das pragas urbanas. No caso das pragas que atacam plantações, esta prevenção é muito importante para a saúde pública, porque reduz a utilização de produtos químicos que afetam os alimentos.