São Paulo (AUN - USP) - O sequenciamento do DNA do vírus da anemia em galinha (CAV – chicken anemia virus) está em fase de conclusão no laboratório de ornito patologia, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O estudo permite um melhor conhecimento das características do agente, permitindo assim a criação de métodos mais eficazes de diagnóstico e prevenção da doença.
O CAV já havia sido isolado em alguns países da Europa, nos EUA, Japão e Austrália. Porém, algumas diferenças chamaram a atenção dos pesquisadores. O microorganismo isolado no Brasil só se desenvolvia em seres vivos, enquanto que nos países antes citados o vírus conseguia se desenvolver em cultura de células. “Decidimos estudar se os vírus do Brasil, devido a essa particularidade, têm genoma diferente”, conta o professor José Antônio Piantino, coordenador do projeto.
Concluíram que em alguns pontos do DNA, as bases são diferentes das dos vírus estudados em outras partes do mundo. “As diferenças são pequenas, mas em um vírus como esse, pequeno, altamente conservado, essas alterações já indicam diferença”, explica Piantino.
A descoberta será muito benéfica, especialmente aos criadores de aves comerciais. Hoje, calcula-se que 90% das galinhas brasileiras são atingidas pelo vírus que, além de provocar anemia, causa a imunossupressão, ou seja, ataca os leucócitos enfraquecendo o sistema de defesa das aves.Os resultados são animais com deficiência no crescimento, pouco peso, produzindo menos ovos e muito mais sujeitos a infecções generalizadas. O vírus é transmitido de mãe para filho e assim a doença se perpetua. Por isso, o estudo tem grande importância econômica.
Concluído o seqüenciamento do genoma do CAV, segundo Piantino, é hora de colocar o estudo em prática. O objetivo dos pesquisadores é desenvolver métodos que diagnostiquem com maior eficácia o vírus brasileiro. Hoje, todo material para a realização desse exame sorológico (ELISA) vem do exterior, e foi formulado segundo características do vírus isolado nesses países. “O nosso diagnóstico será mais rigoroso do que aqueles que vêm do exterior por conter antígenos diferentes”, afirma o professor.
Outro projeto para o futuro é o desenvolvimento de uma vacina que atenda melhor as necessidades brasileiras, já que as vacinas vindas de fora apresentam vírus de características biológicas diferentes das encontradas aqui. Isso também diminuiria a dependência brasileira nessa área em relação a outros países.
A doença foi descoberta em 1979, por Noboru Yuasa, no Japão, e é uma das mais novas que existem em galinhas. No Brasil, o vírus foi identificado em 1991, por Liana Brentano que, assim como Edson Durigon, é colaboradora desse projeto.