ISSN 2359-5191

04/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 03 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Energéticas
Acelerador de elétrons limpa efluentes industriais

São Paulo (AUN - USP) - Muitos dizem que as guerras do século XXI serão travadas pelo domínio da água. Enquanto essa época não chega, e se continua a lutar por petróleo, a preocupação em criar métodos eficientes para limpeza da água cresce progressivamente. Um projeto nesse sentido está sendo desenvolvido pelo Ipen. Através do uso de radiação ionizante, gerada por aceleradores de elétrons, os pesquisadores do Centro de Tecnologia das Radiações pretendem limpar efluentes industriais. O objetivo final do projeto é implementar essa tecnologia em novas indústrias e companhias governamentais de tratamento de água e esgotos e fornecer a assistência técnica necessária.

A limpeza dos efluentes se baseia no uso de tecnologia nuclear. Feixes de elétrons de alta energia, gerados por aceleradores industriais, produzem radiação ionizante, a mesma encontrada em aparelhos de TV e na luz. Esse tipo de radiação ao interagir com a água e seus poluentes gera os radicais livres OH e H, que são espécies altamente reativas. Estes radicais, por sua vez, ao entrarem em contato com as moléculas da água poluída, promovem a degradação química dos compostos orgânicos de origem industrial. Além da degradação desses compostos poluentes, a ionização também é capaz de eliminar microorganismos, como bactérias e vírus, e alguns protozoários e parasitas.

Todas as reações físico-químicas do processo ocorrem e são finalizadas em frações de segundos quando o efluente industrial passa pela zona de radiação produzida pelo feixe de elétrons. A dose de radiação a que é exposto o efluente varia de acordo com a sua composição e origem.

Ao contrário da maioria dos métodos tradicionais, o tratamento de água por irradiação não exige a utilização de nenhuma outra substância química. Isso é considerado uma das grandes vantagens do uso da radiação para a limpeza da água pela pesquisadora Maria Helena de Oliveira Sampa. Segundo Sueli Borrely, uma das responsáveis pelo laboratório de Ensaios Biológicos Ambientais, os resultados do uso dessa tecnologia obtidos pelo Ipen são animadores. A eficiência no tratamento da água poluída vinda de Suzano e Barueri, por exemplo, costuma variar entre 70% e 98%.

Após cinco anos de pesquisa em cima de dados retirados do funcionamento de uma planta piloto localizada no Ipen, o objetivo agora é implantar uma planta de demonstração em uma empresa. Essa empreitada, no entanto, não tem sido fácil, relata Maria Helena. Ela diz que embora o tratamento de efluentes industriais pela irradiação seja competitivo financeiramente aos métodos mais tradicionais, como a osmose reversa e o carvão ativado, ele tem encontrado resistência em certos setores da sociedade. Essa resistência, de acordo com ela, é motivada pelo conservadorismo das pessoas e pela pouca disseminação dessa tecnologia no Brasil.

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