ISSN 2359-5191

01/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 43 - Educação - Instituto de Psicologia
Pessoa que se torna deficiente sofre as "cinco fases da perda"

São Paulo (AUN - USP) - A pessoa que adquire alguma deficiência passa pelas “cinco fases da perda” do modelo de Kübler-Ross. Lilian Cury, que perdeu a visão aos 40 anos, sentiu na pele os diversos processos que um deficiente passa até aceitar sua nova condição. As etapas, conhecidas também como “fases do luto”, são: negação, raiva, negociação, dor e aceitação.

A primeira reação para quem se tornou deficiente é a negação. A pessoa recusa-se a acreditar que algo mudou, ou pensa que poderá voltar a sua condição anterior. Lilian, por exemplo, esperava que sua visão fosse voltar, pois os médicos diziam que só o tempo iria mostrar se sua cegueira era definitiva.

Depois de ver que essa nova condição não pode ser negada, que é algo definitivo, passa-se para a etapa da raiva. É muito difícil para alguém acreditar que, de uma hora para a outra, sua vida mudou completamente. A pergunta “por que eu?” é muito freqüente, e muitas vezes as pessoas mais próximas são as que mais sofrem. Esse é o estado em que se culpa a todos ao redor, mesmo se ninguém tiver responsabilidade sobre o que aconteceu.

Após a raiva, entra-se em um estado de negociação. Segundo Lilian, é a síndrome do “já que”. Por exemplo: “já que eu estou cega, eu vou comer doce, por que é o que eu gosto” ou mesmo “já que estou cega, por que vou me preocupar com o colesterol?”. Essa fase é muito complicada, pois pode acarretar outros problemas de saúde, que nada têm a ver com a deficiência em si.

Em seguida, a pessoa entra na fase da dor. A depressão é comum nessa época, pois se percebe que, apesar da negação, raiva ou negociação, nada muda o fato de que sua vida se transformou. “Perdi mesmo, não tem jeito”, disse Lilian nessa etapa de sua vida. O apoio da família nesse momento é fundamental, pois ele é a fase de transição para a futura aceitação dessa nova condição.

A aceitação é a fase final para o deficiente seguir sua vida. Ele percebe que, muitas vezes, tem sorte de estar vivo. Histórias de superação de outras pessoas deficientes que conseguiram obter sucesso e felicidade em suas vidas são muito importantes nesse passo. A pessoa consegue ver que, apesar das novas dificuldades, ela pode fazer o que quiser. Como diz Lilian: “temos que olhar para o que podemos fazer, não para o que somos incapazes!”.

Nesse tipo de situação, a presença do terapeuta é fundamental. Esse é motivo pelo qual Lilian apresenta palestras no curso de Psicologia da USP. Sem o auxílio e tratamento de um profissional capaz, muitas vezes o deficiente não consegue passar para as novas fases e, assim, fica impossibilitado de “seguir em frente”. Os terapeutas em formação precisam estudar com mais afinco a chamada “psicologia do deficiente”, pois eles serão a ponte entre essas pessoas e suas novas vidas.

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