ISSN 2359-5191

13/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 50 - Saúde - Faculdade de Medicina
Fisiologia deve ser tirada do laboratório e aplicada no dia a dia

São Paulo (AUN - USP) - A fisiologia voltada cada vez mais para o campo de trabalho e sendo aplicada no dia a dia, para melhorar o rendimento do atleta. Esse é o futuro que os professores Antonio Carlos Fedato Filho e Guilherme Rodrigues vêem para a fisiologia, como expuseram em palestra realizada recentemente na Faculdade de Medicina da USP, para alunos que participavam do curso introdutório para a Liga de Medicina e Recuperação Esportiva.

Os professores são sócios da empresa Fedato Esportes LTDA, que está há nove anos no mercado de consultoria de esporte, atuando principalmente no futebol. “A nossa visão de fisiologia, que a gente conseguiu mudar esses anos, é que ela tem que ser aplicada no treinamento, no dia a dia, e não só como coleta de dados. A gente conseguiu aplicar a fisiologia e tirá-la do laboratório. Levá-la o mais próximo do campo ou do esporte que a gente está trabalhando em cima”, explica Fedato Filho.

A fisiologia é a parte da biologia que estuda as funções, processos e atividades do organismo. No campo do futebol, ela tem sido usada como ferramenta de apoio para garantir a evolução do jogador e a programação ideal dos treinos. Através do comparativo entre as avaliações, os preparadores físicos podem identificar os pontos positivos e negativos do atleta e trabalhar em cima daqueles que melhorem o rendimento dele. Monitorar a glicemia, por exemplo, permite constatar a necessidade de reposição energética pós jogo ou treino, e ter controle dermatológico garante que, mesmo que o atleta não se sinta desgastado, o seu metabolismo seja tratado, caso precise de recuperação.

A partir desses dados, a empresa cria um perfil dos atletas, formando um banco de dados que, atualmente, possui mais de três mil jogadores. Através de um software criado por eles, que cruza todas as informações constatadas, monta-se um relatório visual, que pode ser interpretado e analisado pelos treinadores, mesmo que não possuam conhecimento sobre fisiologia. “A ideia é aceitar o máximo de informações, para o treinador fazer as melhores escolhas”, explica Rodrigues.

Os professores também falaram da importância do trabalho interdisciplinar, já que outras áreas também trazem diagnósticos que podem ser usados para o aprimoramento do rendimento do atleta. É o caso da Psicologia, que mostra indícios de overtraining, e da Nutrição, que permite relacionar a perda de apetite a uma queda do desempenho do jogador.

Quebra de paradigmas
Para entrar no mercado de consultoria de esportes, Fedato e Rodrigues contam que tiveram que lidar com preconceitos. Mudar o estereótipo do fisiologista, de uma pessoa mais velha, com jaleco, foi uma das premissas desses profissionais. “Às vezes, a gente vai trabalhar com preparador físico, que tem 30 anos de carreira, cara bem mais velho, e de repente você tem que chegar lá e mudar o treino dele, não mudar, mas falar ‘professor, a direção não tá legal’”, explica Fedato Filho. Eles se consolidaram nesse mercado mostrando uma boa qualidade de trabalho e profissionalismo, além de priorizar o atleta e garantir a sua confiança.

A construção de uma rede sólida de amigos, treinadores e preparadores físicos também é algo fundamental para conseguir quebrar paradigmas que regem essa área do futebol. “Um bom profissional tem que ter: projeto de carreira, organização, disciplina e um ótimo conhecimento sobre relacionamento pessoal. Esse conhecimento pessoal não é ser puxa-saco de ninguém, mas entender o ambiente em que se vive, as pessoas que o cercam, respeitar os profissionais que trabalham com você, que às vezes tem uma formação um pouquinho menor, mas que é um profissional, e que precisa ser respeitado”, declara Rodrigues.

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