São Paulo (AUN - USP) - “A ideia é dar umas cutucadas”. Foi assim que o arquiteto Pedro Suarez começou sua palestra sobre a participação social no ambiente e a relação da universidade e movimentos sociais. Ele ressalta a importância da participação da sociedade nos processos de construção do espaço público. O papel da universidade é ser, ao mesmo tempo, um local de prática de novas experiências e um estudo teórico e aprofundado do que se está fazendo. O objetivo é “avançar no sentido metodológico e teórico”, como disse Catharina Lima, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.
Durante a Semana do Meio Ambiente, organizada pelo Instituto de Biociências (IB) da USP, o auditório da FAU foi palco de discussões das mais variadas: biodiversidade, esfera pública, legislação ambiental, educação. Para o professor Euler Sandville, também palestrante, é na esfera pública, no caso a universidade, que projetos díspares encontram um espaço para a realização conjunta. Ele convida a universidade à discussão e construção contínua do espaço terrestre.
Para Catharina, as experiências participativas que empreendeu na universidade não só transformaram a realidade, mas têm o compromisso de formar o aluno para a sociedade. Ela e os alunos fizeram um trabalho de redesenho em Santo André, “liberando fluxos de paisagem” segundo ela. Outra experiência de participação dos alunos foi no assentamento Dom Pedro, do MST. Ela encontra, nesses projetos, desafios teóricos, tecnológicos e empíricos na transmissão do conhecimento para os alunos.
Para essa professora, a extensão, como uma das bases do tripé da universidade, deveria desaparecer. O estudo, pesquisa e extensão são caixinhas que condicionam e limitam o fazer universitário. Os alunos deveriam trabalhar tanto no empírico quanto no teórico, sem subestimar o fazer crítico.
Ela também pontuou as diferenças e singularidades que há entre o exercício social a universidade e de outros escritórios profissionais. “Estamos construindo um processo de formação e de aprendizagem, que não é obrigação de um escritório” A produção de conhecimento novo e revolucionário pode ser um mote que fomente novas pesquisas. Outro ponto importante é a autonomia da universidade. Por não haver nenhum atrelamento político, só o compromisso moral e ético, existe autonomia de pensamento e de crítica.