São Paulo (AUN - USP) - A agressividade pode estar intimamente ligada ao isolamento social - é o que aponta a pesquisa de Theo Bibancos e Silvana Chiavegatto. Depois de submeter cobaias a crescer sozinhas, elas se tornaram mais agressivas e apresentaram mudanças não só comportamentais, mas também em estruturas cerebrais.
Silvana, também professora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, conduz pesquisas sobre o comportamento agressivo e algumas de suas possíveis origens: uso de anabolizantes, álcool e isolamento social. Em todas ela obteve resultados satisfatórios e positivos, que confirmaram a influência de todas as situações analisadas.
Em um dos experimentos, cinco camundongos foram selecionados após o desmame - quatro para conviver entre si em uma gaiola e um para crescer sozinho. No final dos testes, os resultados mostraram que o solitário apresentava alterações neurocomportamentais quando comparado aos que cresceram em grupo. Identificaram principalmente reações que podem ser identificadas como agressividade , ansiedade, depressão e compulsividade.
Após estudos mais aprofundados, eles descobriram que vários receptores do hormônio serotonina (relacionado aos sentimentos) foram danificados. A área do cérebro mais alterada foi o córtex pré-frontal. Essa estrutura é comumente relacionada à tomada de decisões, ou seja, mudanças nela teriam grandes conseqüências no comportamento do indivíduo.
Como as variações encontradas nas cobaias assemelham-se àquelas encontradas em determinadas psicopatologias, podemos usar o experimento para entender como eventos ambientais podem modificar o desenvolvimento do cérebro de um ser. Esse tipo de pesquisa não tem como ser feita com a mesma eficácia em humanos, mas mesmo assim os resultados sugerem que pode haver uma ligação estreita com mesmas reações encontradas entre nós.
Dessa maneira, talvez pudéssemos orientar as mães a não manter seus filhos em demasiado isolamento (como crianças que passam longas tardes sozinhas em casa, por exemplo), ou até criticar a imposição de “solitária” a um prisioneiro. Com pesquisas deste tipo, chegamos cada vez mais perto de explicações biológicas para manifestações comportamentais e psicológicas.