ISSN 2359-5191

23/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 58 - Sociedade - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
História da Zona Leste segue os passos da indústria paulista

São Paulo (AUN - USP) - O pesquisador Paulo Fontes, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV, afirmou que a imagem da Zona Leste (ZL) como bairro apenas de trabalhadores vem da sua formação histórica, sendo que essa região só começa a ter mais a atenção do restante da cidade no final do século XIX, com o início da industrialização no estado. A história da formação da ZL foi assunto da palestra “História social e a Zona Leste de São Paulo”, que aconteceu recentemente na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

Para início de conversa é importante delimitar espacialmente o que está sendo tratado. Paulo afirma que “ZL é mais que uma região geográfica, é uma construção histórico-social e não acaba quando acaba a cidade de São Paulo”. Além desse pedaço da capital, as cidades vizinhas, como Ferraz de Vasconcelos e Guarulhos, sofreram o mesmo processo de desenvolvimento.

Toda a região era composta de pequenos agrupamentos habitacionais de imigrantes, isolados entre si, no começo do século passado. Com a chegada da ferrovia que começa a haver maior comunicação entre essas populações e se torna muito presente o cooperativismo para conseguir melhorias para o local, Paulo chega a afirmar que o que se vê hoje foi uma “periferia auto-construída”. Essa ajuda mútua e união dos moradores criou um terreno favorável ao ativismo social, verificável nos grandes movimentos que nessa região começaram, como a greve de 1917 e o projeto que deu origem ao atual Sistema Único de Saúde (SUS).

As vilas operárias sofrem um grande crescimento até o fim da Segunda Guerra, quando o padrão de desenvolvimento é alterado para uma lógica de expulsão das classes mais pobres para os extremos da cidade. O cientista social ressalta que até a década de 40 o normal era se morar muito próximo ao trabalho.

A mudança de padrão vem por vários mecanismos, como a instalação de muitas indústrias no centro e simultânea valorização, por investimentos públicos, da região central. O custo de vida é encarecido e operários migram para a ZL. Uma das consequências foi que famílias que antes moravam pagando aluguel são obrigadas a encarar preços muito altos e começa a cultura de casa própria. Na ZL acontece uma onda de especulação imobiliária de grandes terrenos e posterior loteamento destes.

O professor lembra que obviamente a região não é uniforme, há casos como o de São Miguel, que surgiu de trabalhadores da grande indústria, e não da indústria familiar como os demais. Também muitos movimentos sociais não foram grandes organizações, existiram diversos pequenos grupos com duração curta, logo pouco ou não-documentados. É claro que esses elementos levam a buracos num histórico da região, para suprir essa falta Paulo Fontes diz ter feito uso da história oral, considerando-a uma fonte muito relevante para a pesquisa sobre o assunto.

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