São Paulo (AUN - USP) - O Observatório Astronômico Abraão de Morais da USP, importante laboratório para o país, tem como principal atividade a observação e estudos da medida de distância, do movimento das estrelas, análise da cinemática e das galáxias, bem como as propriedades físicas das estrelas e constelações. Fundado em 1970 e atualmente com cerca de 40 anos de existência, já funcionou na capital paulistana, na região de Água Funda. Depois, por motivos de poluição luminosa que deixava o céu paulista impróprio para as observações, o Observatório teve de ser transferido para Valinhos onde o céu apresentava melhores condições.
Em Valinhos, o Observatório conheceu importantes investimentos tecnológicos e materiais. Hoje, devido à poluição luminosa que afeta aquela cidade paulista em função da expansão urbana, desenvolvimento comercial e industrial; a permanência do Observatório em Valinhos está ameaçada e constitui uma preocupação para o Instituto de Astronomia, Geofísica, e Ciências Atmosféricas da USP que tutela o Observatório.
De acordo com o professor Ramachrisna Teixeira, diretor do Observatório, parte do equipamento já começou a ser transferido para Minas Gerais, porque em Valinhos, a poluição luminosa está prejudicando a aplicação prática destes equipamentos. “O Observatório passou por uma transformação muito grande, principalmente a partir do início da década de 90. Neste período a quantidade de iluminação pública e habitacional aumentou muito, deixando o céu cada vez mais claro. Isso para astronomia é muito ruim. Com estas adversidades fomos obrigados a transferir parte dos nossos equipamentos para Brasopóles, em Minas Gerais, onde o céu ainda está conservado. Alguns equipamentos que não pudemos transferir foram simplesmente desativados”.
Ramachrisna, disse que, esta situação causou um prejuízo considerável nas atividades do laboratório. “Essa transferência causou uma lacuna muito grande. Quando o nosso telescópio, principal instrumento da nossa atividade, foi levado para Brasopóles, em Minas Gerais, o observatório ficou num vazio muito grande. Ficou até certo ponto instável. Para reverter a situação tivemos que recorrer a automação de um dos instrumentos que sobrou. Com isso, conseguimos dar novo dinamismo ao Observatório. Mas a poluição visual na nossa área de observação não pára de crescer, então, não sei o que será daqui a mais cinco ou dez anos”.
Questionado se o porquê da ausência de iniciativas legislativas que possam proteger os espaços de observações astronômicas no país, o professor disse que, a sociedade ainda não está prestando a devida atenção ao problema da poluição luminosa. “Essa idéia da poluição luminosa, ela ainda não faz parte do dia-a-dia das pessoas e das autoridades. Essa questão como um todo, é um problema que afeta toda sociedade, mas não está sendo tratado com a atenção que merece. A gente sabe que a poluição luminosa não prejudica apenas o céu. Representa gastos desnecessários, e por conseqüência desperdício de energia”.
O Observatório Abraão de Morais já realizou importantes estudos como o catálogo do movimento de estrelas jovens, que é referência local e mundial, ao nível da comunidade científica nacional e internacional.
Dentro da sua estrutura, o Observatório compreende três laboratórios: o observatório astronômico, uma estação cismográfrica e a estação metereológica que entrará em funcionamento ainda este ano.