São Paulo (AUN - USP) - Momtchilo Russo, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP), diz já ter descoberto uma toxina capaz de curar a asma, o único problema é que a toxina pode ser capaz de eliminar o sujeito que a ingerir também. Momtchilo é livre-docente em imunologia e atualmente estuda especificamente a asma.
Quanto à sua origem, “a asma é uma doença complexa, pode ser multi fatorial”, afirma. Sua origem pode estar relacionada à genética da pessoa, ao tipo de vida, ao tamanho da família e até a algum exercício físico praticado. Conceitualmente asma é uma hiperatividade dos brônquios, causada por uma inflamação, logo, toda asma é uma bronquite, mas nem toda bronquite é uma asma (há bronquites que não provocam reações alérgicas).
Quanto ao mecanismo que leva uma pessoa a desenvolver alergias, há várias hipóteses. Para explicar a maior ocorrência de alergias em populações urbanas do que rurais, o cientista diz que uma das mais aceitas é a “teoria da higiene”. De acordo com ela, como há mais higiene na cidade, não nos infectamos muito. Nosso sistema imunológico, com uma atividade menor do que seria natural em um habitat selvagem, começa a reagir contra elementos teoricamente inofensivos, “o sistema se desregula”, diz Momtchilo.
Essa desregulação pode fazer com que linfócitos ataquem, por exemplo, as glândulas responsáveis pela produção de insulina, e o indivíduo desenvolva diabetes. O tipo 1 de diabetes é imunológica, fruto de um sistema imunológico que ataca o próprio corpo (doença auto-imune). Processo semelhante acontece com pessoas que têm rinite, “como a pessoa não teve exposição a muita coisa, quando entra em contato com a poeira do ar, ela tem uma reação exacerbada”, atacando ácaros que, se ignorados, não causariam mal algum ao organismo. “Há ácaros na sua pele e você os ignora, porque ele não tem como te fazer mal”, diz Momtchilo.
No entanto, o biólogo acredita que esse é um processo reversível. No caso de doenças auto-imunes o que se faz é um transplante de medula, o que 'reinicia' o sistema imunológico, mas este seria um tratamento radical demais para asmáticos. Momtchilo afirma que já foi comprovado em camundongos que, se for desenvolvida tolerância ao alérgeno, a alergia não se desenvolve. No entanto, o processo não serve para seres já sensibilizadas. Daí advém a ideia de imunizar bebês com o leite materno.
Outra opção seria o uso de vermes. Os linfócitos que causam a asma são os mesmos que combatem algum tipo de vermes, se um ser humano tem algum tipo de verminose, “o sistema imunológico está ocupado com outras coisas, a pessoa fica protegida contra coisas não perigosas”. O risco, dessa vez, seria o tipo de verme usado, pois a espécie mais eficaz descoberta até agora é o verme causador da esquistossomose, que pode ser mortal.