São Paulo (AUN - USP) - “Eu vejo problemas futuros”, diz Albert Fishlow, professor da Universidade de Columbia, na série de seminários "A Crise Mundial e o Ambiente Regulatório", organizada pelo professor José Roberto Ferreira Savoia. O evento apresentou uma seqüência de oito temas relacionados ao assunto. Os seminários contaram com a presença de convidados ilustres como os ex-ministros Luiz Carlos Bresser Pereira e Pedro Malan, Albert Fishlow e Maria Helena Santana, Presidente da Comissão de Valores Imobiliários (CVM). O último seminário da série aconteceu na última semana e abordou os desafios da economia para os próximos anos. Para concluir as apresentações, também esteve presente o professor Carlos Roberto Azzoni, diretor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA).
Durante sua apresentação, o professor Albert Fishlow explicou o contexto econômico atual de recuperação pós-crise. Para o professor, os problemas enfrentados pelos países periféricos europeus, como a Grécia, Portugal e Espanha, foram ocasionados pelo déficit em suas balanças econômicas e são muito mais importantes do que se imagina. "Ninguém está olhando para o problema europeu com a devida gravidade que ele tem", comentou. De acordo com o professor, as estimativas de recuperação lançadas pelo FMI são mais rápidas do que a realidade. "Eu vejo problemas futuros. Os países europeus com déficit e sem demanda: o que é que vai acontecer?", questiona.
A Crise no Brasil
No Brasil, a crise gerou uma forte saída de investidores estrangeiros, derrubando os índices da bolsa de valores, além de uma desvalorização do Real. Com o início de uma recuperação pós-crise e diante da situação debilitada das grandes economias, o Brasil tem se destacado por seus altos níveis de crescimento econômico e como uma economia sólida, recuperando estes investidores. Para Maria Helena Santa, a solidez do mercado financeiro brasileiro, atrativo para o investidor internacional, deve-se a uma firme regulação do mercado financeiro, que impede o crescimento de riscos. "Temos um mercado de capitais crescente, sem incentivos, bem regulado", avalia a especialista.
Para o professor Carlos Roberto Azzoni, convidado para concluir a série de seminários, o maior desafio será mantermos nosso crescimento após a recuperação das grandes economias, hoje debilitadas pela crise. "Ser a ovelha branca quando todos estão quebrados é bom, mas seria ainda melhor se conseguíssemos manter este resultado quando todos os países estiverem bem", explica. Para ele, é necessário uma presença maior do governo na economia, "Mas não no sentido de participação no PIB. Precisamos de um Governo que custe menos para fazer o que faz", comentou o professor que acredita que o peso da máquina pública na economia brasileira é muito alto. Na sua opinião, é necessário que se faça mais a menores custos, priorizando investimentos em infra-estrutura.