ISSN 2359-5191

18/04/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 05 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Pesquisadora alerta para riscos de procedimentos médicos envolvendo radiação

São Paulo (AUN - USP) - A exposição à radiação ionizante e não-ionizante e seus riscos à saúde foram tema do colóquio apresentado pela professora Emico Okuno, do Laboratório de Dosimetria do Instituto de Física, recentemente.

Os raios-X, que são radiações ionizantes, são usados em diversos exames diagnósticos (radiografias, tomografias etc.) e também em procedimentos como angiografias, angioplastias, endoscopias e enemas opacos (radiologia intervencionista). No entanto, dependendo da dose e do tempo de exposição à radiação, o paciente e a equipe médica podem sofrer efeitos a curto ou longo prazo. Estes efeitos podem variar de queimaduras de pele a tumores cancerígenos.

No caso da radiologia intervencionista, o paciente e a equipe médica ficam expostos à radiação por cerca de meia hora por procedimento, e um mesmo médico pode fazer quatro ou cinco procedimentos por dia. A professora Emico e seu grupo mediram o nível de radiação na equipe médica de endoscopia do Hospital Universitário e na equipe de enema opaco do Hospital de Clínicas de Marília, e chegaram à conclusão de que para minimizar os danos à saúde todos os profissionais deveriam usar avental de chumbo e óculos plumbíferos.

Além da questão da equipe médica, que fica fora do feixe primário mas recebe radiação espalhada, há também a preocupação com o paciente diretamente exposto à radiação. A professora Emico defende que deveria sempre haver um físico contratado onde se realizam esses procedimentos para efetuar o controle de qualidade de máquinas e para aconselhar a equipe no que se refere à proteção radiológica de forma a obter o máximo de benefício com o mínimo de risco. Essa preocupação é internacional uma vez que têm sido detectadas queimaduras que não se curam a ponto de necessitarem enxerto de pele após intervenções radiológicas. O que torna a questão ainda mais delicada é que a gravidade da queimadura só é detectada após cerca de dois anos e, tanto o paciente quanto o médico, provavelmente dermatologista, não conseguem associar isto ao exame realizado.

A professora diz, também, que outros efeitos da radiação, como o câncer, muitas vezes demoram dezenas de anos para se manifestar. Como alguns destes procedimentos médicos são relativamente novos e ainda não foram realizados estudos epidemiológicos, é difícil avaliar os riscos que eles trazem a longo prazo.

No colóquio, foi discutida também a questão das radiações não-ionizantes, como ondas de celular, TV e rádio. Até agora, não foi provada concretamente uma relação significativa entre a exposição a este tipo de radiação e o aumento de incidência de problemas de saúde. No entanto, esse tipo de radiação, em intensidade mais alta, pode causar aumento da temperatura do corpo e até queimaduras.

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