ISSN 2359-5191

29/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 62 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Droga contra diabetes apresenta resultados positivos contra obesidade

São Paulo (AUN - USP) - Zuleica Bruno Fortes, livre-docente em farmacologia e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, descobriu que a metformina, droga usada no trato de diabetes, também pode auxiliar obesos a perderem peso. Atualmente, Zuleica desenvolve pesquisa sobre mecanismos da resistência à insulina e dos remédios usados no seu trato.

A droga, hoje, é recomendada somente para o combate à diabetes, mas quando usada em obesos diabéticos acabou ajudando-os a perder peso por reduzir o apetite. O problema é a manutenção do peso, drogas que fazem perder fome normalmente não ajudam a manter o peso, e as que ajudam têm muitos efeitos colaterais. Para entender o efeito da droga sobre o corpo é preciso antes compreender a doença.

Há dois tipos de diabetes. O tipo um é auto-imune (anti-corpos atacam o próprio corpo) normalmente se inicia no fim da infância. Neste tipo o paciente perde a capacidade de liberar insulina, e como a pessoa convive mais anos com a doença, ela chega a um estágio muito mais grave. Já o tipo dois tem causas diversas – sendo a mais comum a resistência à insulina – e costuma aparecer somente na fase adulta. Até certo estágio, o indivíduo ainda tem capacidade de produzir insulina e costuma ter uma hiperprodução, para compensar a insensibilidade do organismo, o que esgota a capacidade do pâncreas. “A pessoa tem uma hiperestimulação e acaba ficando deficiente porque seu pâncreas fica incapacitado de produzir a insulina que ele precisa”.

No entanto, hoje, as classes estão mais misturadas, com diabetes do tipo dois aparecendo em pessoas jovens. Zuleica associa a maior recorrência de casos de resistência à insulina com o aumento da obesidade, que causa não só esgotamento do pâncreas como hipertensão e problemas cardio-vasculares. “A resistência à insulina é uma das causas da obesidade [e hoje] 90% dos diabéticos tipo dois hoje é obeso”.

Outra alteração substancial no entendimento da doença foi a mudança de status do endotélio. Membrana que reveste o interior dos vasos, até 1980, dizia-se que só tinha função de revestimento. Descobriu-se, no entanto, que esta estrutura é uma fábrica de vários compostos no controle vascular, participando em todas as doenças citadas (normalmente por ser deficiente em suas funções).

O que se conseguiu com a metformina foi corrigir problemas do epitélio, sem que isso alterasse o quadro de resistência à insulina, e ainda não se comprovou uma ligação entre os dois fenômenos, só se percebeu ligação direta entre problemas no endotélio – que podem ser causados pela diabetes – e hipertensão. “A disfunção endotelial contribuiu para aumentar a hipertensão”, afirma a cientista.

Quanto à aplicabilidade do estudo em humanos, Zuleica diz ser esse um grande salto, pois resultados de laboratório podem não se confirmar na clínica (várias variáveis não são controladas com pacientes voluntários). Diz também que nas fêmeas o problema é mais complicado, pois o ciclo menstrual e seus hormônios podem interferir nos resultados da pesquisada. Até agora, observou-se, em laboratório, que o estrogênio é benéfico no trato de doenças, mas sem comprovações clínicas.

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