São Paulo (AUN - USP) - O Brasil enfrenta deficiências na formação de jogadores de futebol em razão de certa negligência dos clubes com as categorias de base, isso segundo José Alberto Aguilar Cortez, professor de futebol e futsal da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE - USP) e coordenador do GEPEFFS (Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol e Futsal). “Poucos são os clubes que investem em profissionais competentes para trabalhar nas categorias de base”, diz Cortez.
De acordo com o professor, a precariedade nas categorias de base resulta numa dificuldade de renovação de jogadores no futebol profissional. Evidência disso é o recente fenômeno de busca cada vez mais acentuada de jogadores brasileiros que fracassaram no exterior e a sua reincorporação ao mercado nacional. Cortez aponta que, num país populoso e onde um alto índice da população se interessa e pratica futebol, o problema não é escassez de talento. “O que falta são profissionais que saibam identificar o talento, trabalhá-lo e aprimorá-lo”.
O professor da USP ainda aponta que, historicamente, sempre foi fácil encontrar jogadores para o esporte no Brasil. Em conseqüência, poucos eram os clubes que investiam na formação e renovação dos atletas. Segundo ele, dirigentes alegavam que era muito mais barato comprar um jogador já pronto do que formar um.
O problema é que a situação mudou hoje. Os jovens têm um número muito mais significativo de opções de esportes do que antigamente, quando o futebol era praticamente a única opção. A isso se soma a parcela considerável de jovens de família de condição financeira boa que não investem na sua carreira como futebolistas em função dos obstáculos criados por empresários que querem favorecer os atletas por ele assessorados. Numa conjuntura de êxodo acentuado de jogadores brasileiros para outros mercados do futebol, o resultado é uma dificuldade de renovação de atletas nos clubes brasileiros.