ISSN 2359-5191

06/08/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 68 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Volume de lixo gerado no Brasil aumenta e recursos destinados ao setor ainda são baixos

São Paulo (AUN - USP) - Recentemente lançado pela Abrelp - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a edição 2009 do Panoroma do Resíduos Sólidos no Brasil apontou aumento na geração de lixo no país. Em 2009, foram geradas mais de 57 milhões de toneladas de resíduos sólidos, um crescimento de cerca de 7% em relação ao ano anterior. De acordo com Carlos Roberto Vieira, diretor executivo da Abrelp, a evolução nos números está relacionada ao aumento populacional e às mudanças nos padrões de consumo "Vivemos em uma sociedade de consumo de materiais descartáveis e de equipamentos que não tem mais a mesma durabilidade que tinham antigamente". Presente ao Seminário de Reciclagem e Valorização de Resíduos Sólidos, realizado na Escola Politécnica (Poli-USP), Vieira apontou as dificuldades no manejo e a falta de recursos como os principais problemas enfrentados pelo setor.

Segundo ele, em 2008, a despesa média municipal em serviços de limpeza pública foi de R$ 8,33 por habitante por mês, valor baixo, se comparado a outros serviços públicos, como luz e água. O estudo, no entanto, não explicita tal comparação.

Vieira aponta que, de todo lixo gerado, apenas 12% é recolhido. No entanto, mesmo essa parcela pode terminar tendo um destino inadequado: boa parte é conduzida a aterros e lixões que, segundo ele, não passam de áreas de destinação de resíduos, sem a infraestrura necessária para o manejo ambiental apropriado. Nesses locais, geralmente não há impermeabilização do solo, tampouco tratamento dos resíduos, o que resulta, muitas vezes, na contaminação de lençóis freáticos e outros cursos d’água.

As dificuldades, no entanto, começam na própria coleta do material – dificilmente as pessoas separam o lixo doméstico e, mesmo quando o fazem, podem fazê-lo de maneira inadequada, misturando diferentes materiais. Isso, associado à destinação incorreta, traz sérios riscos ao meio ambiente: “Ninguém sabe o que a combinação desses materiais, no processo de decomposição, irá causar futuramente, quando encaminhados para aterros”, alerta Carlos.

Para ele, estimular a reutilização e a reciclagem, sobretudo a “recuperação energética do material”, ou seja, sua transformação em biogás para geração de energia, são medidas necessárias para alterar esse quadro: “Só assim vamos transformar esse ciclo vicioso em um grande ciclo virtuoso”, afirma.

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