São Paulo (AUN - USP) - No ramo industrial, poluição significa perda de dinheiro. Além do prejuízo ambiental decorrente da emissão de poluentes, uma indústria cujos processos são mal controlados também perde matéria prima e energia conforme libera dejetos no ecossistema. Ser capaz de avaliar o desempenho ambiental da empresa, portanto, é importante não apenas por questões ecológicas, mas por fatores econômicos. É o que defende Juliano Bezerra de Araújo, em sua pesquisa “Desenvolvimento de método de avaliação de desempenho de processos de manufatura considerando parâmetros de sustentabilidade”. Para ele, as indústrias podem contribuir para a preservação ambiental desde que apliquem um modelo de gestão sustentável de seu processo produtivo.
Segundo explica, já existem modelos capazes de avaliar a sustentabilidade ambiental de dado processo produtivo. No entanto, a maioria destes o faz de maneira isolada, desconsiderando a questão econômica. Essa deficiência cria dificuldades na hora de decidir a melhor maneira de produzir – aquela que alie lucro com respeito ao meio ambiente. Como conseqüência, a maioria das indústrias opta por usar mecanismos de controles de poluentes, como instalação de filtros. Tais sistemas, além de não impedirem que o poluente chegue ao meio-ambiente (apenas o faça de maneira menos danosa), não propiciam vantagens competitivas, por significar a instalação de novos componentes e, consequentemente, aumento nas despesas.
De acordo com Juliano, as empresas devem começar a pensar em termos de ecoeficiência, ou seja, ser capaz de produzir gerando menos poluentes e aproveitando melhor a matéria-prima disponível. Para tanto, ao avaliar o desempenho de suas atividades, é importante que efetuem o cruzamento entre indicadores vindos de diferentes campos – social, econômico e ambiental. É importante, por exemplo, considerar o gasto de energia (impacto econômico) tendo em vista a emissão de gás carbônico. Reduzir qualquer um deles isoladamente, afinal, pode não ser vantajoso – corre-se o risco de adotar medidas que reduzam o consumo de energia, mas aumentem a poluição, ou vice-versa.
Juliano recomenda que a coleta desses indicadores seja constante, e que eles cubram o processo produtivo como um todo, e não apenas etapas isoladas. Assim, assegura, torna-se possível adotar medidas que contemplem, de uma só vez, questões econômicas e ambientais.