São Paulo (AUN - USP) - Para Marco Bologna, presidente da TAM, “o Brasil hoje está vivendo um momento extremamente interessante”. Segundo disse, em palestra na Escola Politécnica (Poli-USP) mesmo a recente crise financeira não foi suficiente para abalar a situação econômica animadora do país. Formado em engenharia de produção pela Poli, Bologna definiu o atual momento como aquele em “que ser brasileiro passou a ser legal”. E apontou: “A gente deve assistir nos próximos anos a um salto de desenvolvimento”. Dirigindo-se a uma platéia formada, em grande parte, por alunos de graduação, Bologna atestou que o quadro é especialmente positivo para os formados em engenharia de produção.
Atual presidente da TAM S.A Holding Controladora, empresa controladora do grupo TAM e dona da décima maior folha de pagamento do país, Marco apontou a maleabilidade do brasileiro como um dos fatores responsáveis pelo sucesso nos negócios: “O brasileiro é fácil – a gente é cosmopolita, meio holístico”.
Mas, segundo disse, há ainda muito o que ser trabalhado para propiciar um crescimento seguro: “Nosso grande gargalo é a infraestrutura. É preciso que o país foque na formação das pessoas e na sua infraestrutura”. Os custos do deslocamento rodoviário, as deficiências da integração entre rodovias e demais formas de transporte e a necessidade de modernização da estrutura portuária aumentam os custos de produção, criando dificuldades para o setor empresarial. Ainda assim, diz Bologna, o país tem demanda por mão de obra qualificada, o que traz oportunidades inéditas: “Trata-se de um cenário diferente daquele em que me formei. Não havia essa oportunidade.” Para ele, o engenheiro de produção sai beneficiado, uma vez que um profissional bem formado é procurado pelas empresas interessadas em seu pragmatismo e formação multidisciplinar: “A gente sabe fatiar o elefante”, brincou, referindo-se à capacidade de análise do engenheiro.
Segundo ele, isso ocorre em um contexto de mudança da própria cultura empresarial, em que, se por um lado cobra-se uma atuação mais agressiva, mesmo dos quadros executivos, por outro há a valorização do bem estar individual: “Antigamente falava-se muito em vestir a camisa da empresa. Hoje em dia a gente lembra que, por baixo da camisa da empresa, tem também a camisa da pessoa”. Bologna, no entanto, refere-se a quadros de comando das organizações, que assistem a um aumento da idade média dos profissionais.
Organizada pela Poli Jr, empresa júnior da Poli, a palestra de Bologna fez parte da Semana de Cultura Empresarial. Realizada já há 12 anos, a Semana tem por objetivo aproximar os alunos de graduação do mundo profissional.