São Paulo (AUN - USP) - A arquitetura ambiental foi foco de um ciclo de palestras ministradas pelo arquiteto japonês Mitsuru Senda em três capitais brasileiras, cujo objetivo era discutir os conceitos de arquitetura sustentável no mundo moderno. Em palestra na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Mitsuru Senda falou sobre seus trabalhos como fundador e presidente da “Environment Design Institute” (EDI), escritório especializado na criação de espaços públicos, esportivos e infantil, que ganhou destaque com projetos inovadores pela simbiose entre edifícios modernos e bem-estar social.
O design ambiental global – termo cunhado em 1940, quando ainda não havia a preocupação da sociedade com o degelo acelerado do Ártico -é um dos conceitos expostos por Mitsuru Sendae colocados em práticas em seus projetos mundo afora. “Em outras épocas, se fez uma arquitetura baseada em ideias racionais e tentou-se criar o mundo de uma forma imposta e categórica”, explica o arquiteto. “Agora, temos a obrigação de refletir nossa permanência conforme aquilo que construímos para nossa civilização”.
No Japão, mais de metade das universidades de arquitetura já integram a matéria “Design Ambiental” em seus currículos de graduação, pela necessidade de oferecer aos arquitetos formados os alicerces de uma nova visão de sociedade. São termos como “eficiência energética” que geram as discussões nas classes de aula da “Universidade Aberta do Japão”, onde Mitsuru Senda leciona. “Como um belo projeto de um estádio, por exemplo, não pode levar em consideração a maximização dos recursos naturais, como luz solar, vento, refrigeração natural?” questiona Senda.
Segundo Mitsuru Senda, a busca pelo equilíbrio entre recursos naturais e humanos não é uma tarefa impossível e pode ser aprendida pela observação de casas tradicionais indígenas que, justamente por tentar aumentar ao máximo o conforto, primam pela disposição arejada dos cômodos. Na construção da Biblioteca Akita, em 2008, Senda baseou-se nas características dos guarda-chuvas tradicionais japoneses. Já no centro esportivo Shanghai Qizhong (2005), o funcionamento da íris ocular influenciou o movimento de abertura do teto. “Basta observar a vida para aprender a melhor forma de projetar”.