ISSN 2359-5191

07/05/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Satélite italiano contribuiu com estudos do Departamento de Astronomia da USP

São Paulo (AUN - USP) - O satélite italiano BeppoSAX, que foi lançado no dia 30 de abril de 1996 em Cabo Canaveral pela Agência Espacial Italiana (ASI), caiu no Oceano Pacífico dia 29. O satélite contribuiu para o conhecimento da emissão em raios-X de origem cósmica. O pesquisador Gastão Lima Neto, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG), utilizou os dados do satélite para analisar os aglomerados de galáxias Abell 970 e Abell 85.

Sabe-se pouco sobre tais aglomerados, que se encontram muito afastados da Terra. O Abell 85, por exemplo, está a uma distancia de cerca de 750 milhões de anos-luz. Com os dados de fluxo e intensidade da radiação, o pesquisador pôde determinar, entre outros, a temperatura, os metais contidos e a massa destes aglomerados. Além disso, pôde verificar se eles sofrem processo de evolução e se eles se inserem nas teorias cosmológicas. Portanto, a pesquisa serve principalmente para checar os modelos teóricos e conhecer as características do Abell 85 e do Abell 970.

O satélite BeppoSAX é um projeto da ASI com participação da Agência Holandesa para Programas Aeroespaciais (NIVR). Sua principal característica é ser a primeira missão espacial a captar toda a banda de raios-X - de 0.1 a 300 keV. O BeppoSAX, um satélite econômico, não recebeu grandes investimentos e por isso possui órbita baixa, o que consome menos combustível e o torna mais barato. Em 1996, quando foi lançado, o satélite foi muito importante porque existiam poucas alternativas para observar os raios-x. Hoje em dia, ele já está obsoleto, já que existem dois satélites que utilizam tecnologia mais avançada, o Chandra (americano) e o XMM (europeu).

A distância original do BeppoSAX em relação à Terra era de 500 a 600 km, o suficiente para sair da atmosfera. Isto era necessário porque ela absorve os raios-x, impedindo a captação da radiação na superfície da Terra. Satélites desativados com órbitas menores de 1000 Km se aproximam com a Terra. Quando estão a aproximadamente 300Km, começam a aumentar o processo de frenagem, por causa do atrito com a atmosfera, e tendem a cair. Os satélites com órbitas maiores de 1000Km, depois de desativados, tendem a manter-se em órbita.

A reentrada de objetos na atmosfera terrestre é muito comum. Três estágios superiores de dois foguetes russos e um norte-americano caíram do dia 25 ao dia 28 de abril, um europeu deverá reentrar dia 29 ou 30. Todo ano penetram, sem controle, na atmosfera 150 a 200 toneladas de objetos que estavam em órbita. Muitos meteoros também caem constantemente na Terra, mas a maioria nem chega ao chão.

Outra grande importância do BeppoSAX foi a colaboração no estudo das explosões de raios gama, mais energético que os raios-x, provavelmente produzido na explosão de estrelas muito maciças. Estas explosões, que ocorrem muito distantes da Terra, foram descobertas por acaso, na época da guerra fria, por satélites militares. Sua função era monitorar países que poderiam ter bombas atômicas, já que estas emitem raios gama. Os satélites observaram radiação vinda do espaço, mas só informaram seis anos depois aos astrônomos. As explosões de raios gama emitem também surtos de raios-x, que é captado pelo BeppoSAX.

O BeppoSAX foi desativado depois de seis anos de uso, em 30 de abril de 2002. A partir de então, aproximou-se da Terra nos últimos dias encontrava-se em processo de rápida queda. Depois de desativado, o satélite não emitiu mais informações de sua localização, então não havia como saber onde cairia. Apenas era conhecida a faixa equatorial de reentrada dos fragmentos do BeppoSAX que resistissem à reentrada na atmosfera. O Brasil localizava-se nesta faixa e por isso houve grande expectativa e repercussão sobre sua queda no país. Entretanto, o BeppoSAX caiu no Oceano Pacífico, às 19h43 do dia 29 de abril.

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