São Paulo (AUN - USP) - A inclusão social deve ser uma das metas do Brasil com seu modelo de TV digital, afirmam os professores João Antônio Zuffo e Marcelo Knörich Zuffo, do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP.
Entre os benefícios que uma TV digital aberta proporcionaria a todos os lares estariam a personalização do serviço e da programação para o usuário, melhores imagem e vídeo, Internet, capacidade de intercâmbio entre dados multimídia, governo eletrônico, educação e serviços bancários.
O modelo deve passar predominantemente pela tecnologia nacional, mesmo agregando tecnologia de fora, diz Antônio Zuffo. Entretanto, ainda não seria hora de apresentar projetos e preferência por um determinado modelo, mas de definir linhas gerais, fazer estudos comparativos, ampliar as equipes envolvidas.
Apesar de o professor acreditar que no final deste ano haveria políticas tecnológicas mais sólidas, entende que só depois de 2005 poderia haver um projeto definido para o Brasil. Mas ele deveria contemplar convergência entre tecnologias, possibilidade de exportar com pequenas modificações, além de baixo custo.
É uma decisão complexa e delicada, pois além de se buscar algo que beneficie com o menor custo a todo o País, pode servir como orientação para 2/3 da humanidade, países que ainda não adotaram o seu modelo, comprometidos inclusive com o custo das patentes, o que inclui toda a América Latina.
Desenvolvimento no LSI
“Deve-se aproveitar o atual momento de vontade política para a definição.” Afirma o professor. “Antigamente chamavam-nos de visionários.” Argumenta que o LSI, com um histórico de 15 anos de pesquisa na área, tem condições de desenvolver a tecnologia, e pode contribuir para fazer a escolha das políticas públicas com a devida fundamentação científica.
O LSI trabalhou inicialmente com a NEC, desenvolvendo sistemas para resposta automática a clientes e controle virtual; desenvolveu em 1998 a primeira rede wireless (sem fio), com mais de 60 canais digitais; além de uma transmissão em broadcast do programa Vitrine. O resultado foi o início do desenvolvimento de uma setup-box (caixa de conversão) para selecionar canais, com entrada para TV a cabo, telefone e satélite, em sistema digital, “uma inovação” em substituição ao atual padrão analógico. A caixa ainda está em desenvolvimento, e há quatro doutorados no assunto, dois mestrados, além de já terem sido enviados seis papers ao exterior. Mas o grupo de pesquisa nessa área no LSI já conta com 15 pessoas, consolidado desde 1996.
O Laboratório da USP faz parte de um consórcio iniciado em 1999 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, que também conta com laboratórios da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel).
Modelos de TV digital
A história da TV digital vem desde 1988, com o padrão de TV digital do Japão. A seguir, de acordo com Marcelo Zuffo, veio o Padrão Americano, ou Advanced Television Standard Committe (ATSC-T), que sofre por ser o primeiro, sendo, na verdade, uma evolução dos esquemas de modulação analógico, atualmente com uma penetração muito baixa no mercado.
Há também o Padrão Europeu, o Digital Vídeo Broadcasting (DVB-T), que tem alguns recursos de mobilidade e flexibilidade, contemplando peculiaridades próprias de cada país. É o de maior penetração no mercado atualmente.
O Japão acabou desenvolvendo um novo padrão, o Integrated System Digital Broadcast (ISDB), o mais avançado em termos de tecnologia e desempenho, combinando flexibilidade, convergência, modulação digital de alta qualidade, mobilidade, portabilidade e alta definição.
O Padrão Chinês também está sendo desenvolvido por três grupos de técnicos chineses, impulsionado pelo seu governo. Estão incorporando conceitos dos outros padrões já existentes, mas seu foco é a convergência com aparelhos celulares.