ISSN 2359-5191

07/05/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 06 - Saúde - Faculdade de Medicina
Estudo da USP sobre tratamento de linfoma gástrico ganha repercussão internacional

São Paulo (AUN - USP) - Sistematizar a forma de tratamento mais adequada para linfomas gástricos primários é o que pretende a equipe do Serviço de Cirurgia do Estômago, Duodeno e Intestino Delgado (SCEDID) da Faculdade de Medicina da USP, dirigida pelo professor Bruno Zilberstein. Um estudo sobre os casos de pacientes com linfoma que chegaram ao Hospital das Clínicas de São Paulo nos últimos 23 anos, os tratamentos que foram indicados para cada doente e os resultados coletados a partir dessas análises acabou de ser concluído pela equipe, liderada pelos professores Zilberstein e Marcelo Mester.

O linfoma é um tumor maligno do tecido linfóide. Esse tecido é formado por linfócitos, grupo de glóbulos brancos, que são importantes por participarem da ativação do sistema imunológico, ao fabricarem anticorpos, reconhecerem corpos estranhos, matarem células tumorais ou células de órgãos transplantados, e até por matarem vírus. Quando os linfócitos sofrem alterações oncogênicas, passam a se multiplicar de modo desordenado e crescem como qualquer outro tumor. Da mesma forma que a leucemia, os linfomas gástricos são considerados tumores não-sólidos.

As causas dos linfomas ainda são pouco conhecidas. “Não há uma definição exata do problema celular”, afirma Zilberstein. Por esse motivo a prescrição do tratamento se torna tão complexa em casos de linfoma. O que seria melhor: cirurgia, quimioterapia ou cirurgia seguida de quimioterapia? Um dos objetivos do grupo é divulgar essa conclusão a partir do estudo de casuística do linfoma gástrico primário em pacientes do HC-USP. “Este tipo de análise é sempre importante, pois serve não só como ‘controle de qualidade’ do que se vem fazendo, como também para se aferir se as estratégias propostas têm sido adequadas e devem ser mantidas ou, ao contrário, se os dados indicam que devem ser mudadas”, explica Mester.

Segundo os pesquisadores, todos os modos de tratamento são utilizados no HC-USP, onde o tratamento é designado ao se considerar o estado geral de saúde, o desenvolvimento e o grau histológico do linfoma desses doentes. “Como o tratamento primário é controverso, os principais centros utilizam um viés compreensível seja a favor de cirurgia primária, seja a favor de quimioterapia primária. Muitos pensam que a decisão depende mais deste viés de pensamento do que de características do próprio tumor. Este efeito é muitas vezes esperado ou comentado, mas raramente demonstrado. No estudo que realizamos este efeito foi claramente demonstrado, sendo inclusive, talvez, um dos primeiros (senão o primeiro) realizado no mundo com este enfoque nesta doença em particular”, enfatiza Mester.

As pessoas com linfoma têm sobrevida alta após o tratamento. Zilberstein afirma que cerca de 90% dos pacientes conseguem se curar da doença.

Repercussão internacional
O trabalho dos pesquisadores da USP ganhará visibilidade internacional. Entre 4 e 7 de maio acontece o “5th International Gastric Cancer Congress”, onde os estudos do grupo serão apresentados numa sessão que será voltada para a experiência nos últimos 20 anos com o linfoma gástrico em São Paulo.

Esse congresso reunirá, em Roma, especialistas em câncer gástrico de todo o mundo e tem como objetivo aprimorar os conhecimentos sobre a doença, o que permitirá, possivelmente, redução de sua incidência, maior facilidade no diagnóstico precoce e melhores efeitos do tratamento, diminuindo a mortalidade e as implicações negativas dos diversos tratamentos.

“Devido ao peso desta experiência, acredito que o professor Zilberstein poderá utilizar estes dados para propor a realização de um protocolo prospectivo multicêntrico brasileiro, provavelmente coordenado pela Associação Brasileira do Câncer Gástrico (ABCG)”, revela Mester. Resultados preliminares serão também apresentados já neste congresso em Roma.

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