ISSN 2359-5191

12/08/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 72 - Educação - Universidade de São Paulo
Caso Aline motiva pesquisa sobre comportamento social

São Paulo (AUN - USP) - No começo de julho, ocorre o julgamento dos acusados de matar a estudante Aline Silveira Soares, morta em 2001 na cidade de Ouro Preto, no que ficou conhecido como “Caso Aline”. O assassinato, cometido de forma brutal, chamou a atenção da pequena cidade e da imprensa pela suposição de ter sido motivado por uma partida de RPG. A partir de então, a mídia cobre o desenrolar do caso, que teve seu gran finale com a sentença de absolvição dos réus. Baseada nessa trama de realidade, a antropóloga Ana de Fiori analisou as circunstâncias e desenvolveu uma pesquisa sobre o comportamento dos envolvidos no julgamento e como a mídia abordou o tema.

Em uma época em que a sociedade brasileira vive uma nova onda de “casos policiais”, como o caso Eliza e o caso Mércia, o estudo do assassinato de Aline levanta algumas questões sobre a postura para com os envolvidos diretamente nas acusações. A primeira, recorrente na imprensa brasileira, é a crucificação perante a sociedade dos suspeitos antes do julgamento ser finalizado. Assim, todos os envolvidos têm sua vida alterada em função de um pré-julgamento que tem um cunho sensacionalista. A pesquisadora Ana de Fiori explica que “este é um típico caso em que a mídia promoveu um linchamento formal dos acusados antes do bater do martelo da juíza”.

Outro ponto de interesse da pesquisa diz respeito à associação do jogo de RPG com a morte de Aline. A antropóloga, que presenciou o julgamento final e colheu depoimentos da promotora do caso para escrever sua pesquisa, diz que “muitas das acusações foram feitas sobre a prática ‘demoníaca’ do jogo de RPG, enquanto o que deveria ser julgado eram as provas que ligavam ao assassinato”. Os acusados tinham uma ligação com a prática de jogos de RPG que a promotoria, levada pelo sentimentalismo popular, utilizou para tentar incriminá-los. “O que me instigou foi a forma como a acusação do caso tentou mostrar o esquisito como motivação do crime”.

A grande questão do caso Aline gira em torno dos jogos de RPG que, em português, traduz-se como jogos de interpretação de personagens. Na análise de sua pesquisa, a antropóloga leva esses jogos de interpretação para a vida real, em que os atores se encontram no momento do julgamento. “No momento do julgamento, a morte da menina faz com que a vida de todas as pessoas envolvidas seja reconfigurada, é uma morte que dá um novo sentido para essas pessoas, antes mesmo de elas serem consideradas culpadas ou não”.

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