São Paulo (AUN - USP) - “A violência é uma das coisas mais engraçadas de assistir”. Quem já viu um filme de Quentin Tarantino sabe o que ele quis dizer com a frase acima. Diretor de sete filmes, Tarantino já é considerado um clássico do cinema contemporâneo, por seus diálogos ácidos e diretos, e seu forma não-convencional de contar uma história. Para os amantes do cinema, o lançamento do livro “O cinema de Quentin Tarantino”, de Mauro Baptista, é uma ótima maneira de entender a complexidade de referências que inundam os filmes do diretor. O autor do livro é doutor em cinema pela USP e atualizou a tese defendida com os últimos filmes lançados por Tarantino.
O diretor, ator, roteirista e produtor Quentin Tarantino consegue trazer para as telas influências que levam a audiência a um passeio pela história do cinema moderno. Desde os filmes de artes marciais orientais ao spaguetti western italiano, ao assistir a um filme de Tarantino sentimos as pinceladas de referências que o diretor traz para seus filmes, de forma palpável mesmo para os que não entendem tanto de cinema. “Estudar um cineastra como Tarantino não é tarefa fácil. Ele é um autor eclético, enciclopédico e autoconsciente por excelência, que evoca várias formas de fazer e pensar cinema num mesmo filme e se alimenta delas”, afirma o autor Mauro Baptista.
Desde que estourou para o grande público com o filme Pulp Fiction, em 1994, o cineasta leva uma multidão às salas de cinema cada vez que um novo filme é lançado. O último, Bastardo Inglórios, contou com a participação do astro Brad Pitt e teve oito indicações ao Oscar. No entanto, sua filmografia é traz o mesmo estilo desde sua estréia como diretor em Cães de Aluguel. “Uma noite, resolvi ir ao cinema. O filme era ‘Cães de Aluguel’. Logo no começo da sessão, estava maravilhado, em estado de êxtase. O que era aquela camera circular, aqueles diálogos afiados, aquela decupagem? Genial. Aquele sujeito era um grande diretor”, conta Mauro Baptista, ao ver o primeiro filme de Tarantino.
O livro descreve e analisa o estilo de filmar do diretor, através de uma comparação com os filmes clássicos americanos e europeus, que são evocados na filmografia de Tarantino. Com isso, o livro traz ao leitor uma reflexão sobre a própria história do cinema moderno e aponta para o futuro do cinema, considerado o pós-modernismo, em que Tarantino está enquadrado.
Mauro Baptista não deixa de discutir a paródia que Tarantino cria em seus filmes, nos moldes do diretor italiano Sergio Leone. Tarantino conduz o espectador aos filmes não comerciais que ajudaram a formar sua cinematografia. Ele “joga” com o cinema e com o espectador. E o Mauro Baptista examina o que o cultuado diretor pretende com seus lances de câmera inesperados. O livro é um prato cheio para entender a mente de um dos maiores diretores de nossa época.